Faturamento na Black Friday cai 28% e e-commerce amarga pior desempenho para a data

Com o desempenho fora do esperado para a principal data, o rescaldo das promoções no sábado também não engataram no País

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Foto do author Marianna Gualter
Atualização:

A Black Friday no Brasil não conseguiu decolar este ano. Na última sexta-feira, 25, o varejo virtual registrou uma queda de 28% no seu faturamento em comparação ao mesmo período de 2021, quando o setor já havia caído 1%, conforme dados da Neotrust. Com pouco mais de R$ 3,1 bilhões em vendas, este é o pior resultado para a data de promoções no País desde que foi importada dos Estados Unidos e implementada no calendário do varejo nacional.

Além do faturamento global, outros aspectos colaboraram para a queda nos números da Black Friday este ano. Segundo o levantamento da Neotrust, em comparação ao ano anterior, o e-commerce no País também registrou queda no valor do tíquete médio de compras (-5,9%), no preço médio (-17%), no número de pedidos (-23%) e na quantidade de produtos vendidos (-13,5%).

Vendas no varejo virtual despencaram e garantiram a data o seu pior resultado histórico.  Foto: Aloísio Maurício

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O estudo ainda apontou uma mudança no perfil de compras do consumidor este ano. Um dos itens mais desejados pelos consumidores que aguardam pelos descontos da Black Friday, os aparelhos celulares perderam 4,6% de participação no faturamento do e-commerce, enquanto itens de alimentação e bebidas subiram no ranking e chegaram ao quarto lugar em quantidade de pedidos.

Com o desempenho fora do esperado para a principal data, o rescaldo das promoções no sábado também não engataram no País. Isso porque as vendas no primeiro dia do final de semana registraram uma queda de 4,3% em comparação a 2021. Mesmo assim, na avaliação de Paulina Dias, gerente de inteligência da Neotrust, o pós-Black Friday garantiu o posto de melhor dia de vendas, em termos de variação de faturamento sobre o ano anterior. “Percebemos a recuperação de algumas categorias que não foram bem na sexta-feira, como telefonia, automotivo e eletroportáteis, e crescimento em categorias que já estavam bem, como beleza e perfumaria, games e alimentos e bebidas,” afirma.

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Para a executiva, um dos destaques de faturamento no sábado, dentro do universo de Alimentos e Bebidas, foi o crescimento nas vendas para carnes, aves e pescados. Esses itens entraram na lista de desejos dos brasileiros este ano após uma forte alta de preços nos últimos 12 meses. Um levantamento da consultoria Shopper Experience, feita a pedido da Associação Paulista de Supermercados (Apas), projetou a cesta de itens de alimentação como um dos principais desejos dos consumidores para o período de promoções da Black Friday.

Impactos da Copa

O deslocamento inédito da Copa do Mundo para os meses de novembro e dezembro, sobrepõe o torneio a datas importantes para o varejo, a Black Friday e o Natal. Diante da ausência de precedentes para a realização simultânea desses eventos, os especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast divergem sobre o impacto esperado nas vendas no quarto trimestre de 2022.

A gerente de varejo da XP Investimentos, Danniela Eiger, considera que a Copa representa um risco para a dinâmica do varejo no quarto trimestre como um todo, considerando a Black Friday e também a confluência do segundo jogo da seleção brasileira, marcado para esta segunda-feira, 28, com a Cyber Monday, e a realização da final do torneio apenas uma semana antes do Natal, no dia 18 de dezembro. A corretora prevê alta de 0,7% para as vendas do varejo ampliado no quarto trimestre, em relação ao terceiro, e elevação de 0,5% para o critério restrito.

O economista Daniel Arruda, da LCA Consultores, projeta avanço de 0,8% nas vendas do varejo restrito no quarto trimestre deste ano, com resultado da Black Friday mais forte em função da Copa. Arruda afirma ainda que alguns dos produtos que costumam ser beneficiados pelo torneio esportivo, como os eletrônicos, são muito sensíveis ao crédito, e, diante do grau de endividamento das famílias e do patamar elevado dos juros ao consumidor, o crescimento potencial para as vendas destes itens pode ser comprometido.

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Na avaliação do economista-chefe do Banco Alfa, Luís Otávio de Souza Leal, em geral, a Copa do Mundo costuma apresentar um resultado neutro para o varejo, com benefício a alguns setores, como no consumo de cerveja e televisões, por exemplo, e prejuízo a outros. “Os shoppings centers na quinta-feira, 24, e principalmente nesta segunda-feira, em que o jogo do Brasil será às 13h, terão praticamente um dia perdido”, diz.

Sobre a relação direta com a Black Friday, para Leal, houve um movimento do comércio de antecipação das promoções com objetivo de reduzir o impacto da perda de atenção dos consumidores, o que pode manter o torneio esportivo como um vetor neutro.

O faturamento bruto do e-commerce brasileiro registrou crescimento nominal de 8,0% nos sete dias que antecederam à Black Friday, em relação a igual período de 2021, segundo a NielsenIQ|Ebit. Na comparação com as compras realizadas na data específica do evento, porém, houve redução interanual de 23,0%. Ao comparar os primeiros 25 dias de novembro nos dois anos, a pesquisa registrou queda de 1%.

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