Morto em 2021, aos 90 anos, por complicações da covid, João Lyra estava afastado de Brasília desde 2015, quando terminou seu segundo mandato como deputado federal pelo PTB de Alagoas - o primeiro havia sido entre 2003 e 2007. No fim dos anos 1980, ele foi senador pelo mesmo Estado e, em 2006, candidatou-se a governador, tendo sido derrotado por Teotônio Vilela Filho (PSDB).
Foi em seu segundo mandato que Lyra ficou conhecido como o deputado mais rico do Brasil. À época, declarou um patrimônio de R$ 240,4 milhões (cerca de R$ 510 milhões em valores atualizados), montante que o colocava também como parlamentar mais rico do País, à frente do senador Blairo Maggi.
Além de ser o mais rico, Lyra foi também o mais ausente, segundo levantamento do “Congresso em Foco”. Em 2012, ele compareceu a 32% das sessões de votação da Câmara. O parlamentar evitou cortes nos salários ao justificar a maioria das ausências.
O grupo corporativo de Lyra incluía cinco usinas sucroalcooleiras em Alagoas e Minas Gerais, fábrica de fertilizantes, companhia de táxi-aéreo, concessionária de veículos e empresa de comunicação.

A vida do usineiro e parlamentar foi marcada por polêmicas. Seu nome apareceu na investigação mundial “Panama Papers” e em denúncias de submissão de trabalhadores a condições análogas à escravidão. Também foi vinculado a um caso de assassinato. O parlamentar sempre negou envolvimento em todas as denúncias. Em entrevista à revista “IstoÉ”, em 2006, afirmou que a acusação de assassinato era uma “armação”. “(Esse assunto) está liquidado. A Justiça fez inquérito. É uma coisa que me recuso até a falar”, disse, à época.
A falência do grupo Laginha também é cheia de controvérsias. O grupo entrou em recuperação judicial em 2008, com uma dívida de cerca de R$ 1,2 bilhão. Em 2012, a falência foi decretada, mas depois anulada para, dois anos depois, ser novamente decretada.
Lyra não tinha parentesco com o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nem com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB). Ele era pai de Thereza Collor, que é viúva de Pedro Collor de Mello e ex-cunhada do ex-presidente da República Fernando Collor.