Raízen e Vibra inauguram terminal de combustíveis no Pará para atender escalada do agronegócio

Unidade terá capacidade para movimentar dois bilhões de litros por ano e será o principal ponto de abastecimento do oeste do Pará, da Amazônia Ocidental e do norte de Mato Grosso

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RIO - As duas maiores distribuidoras de combustíveis do País, Vibra e Raízen, se uniram no Norte do País para aumentar o volume disponível na região e arredores. Nesta quarta-feira, 24, em Santarém (PA), as duas companhias inauguram um terminal com capacidade para movimentar dois bilhões de litros de combustíveis por ano.

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Quando entrar em operação, a Base Santarém será o principal ponto de abastecimento do oeste do Pará, da Amazônia Ocidental e do norte de Mato Grosso, reduzindo custos logísticos, emissões de CO2 e desenvolvendo a economia local, informaram as companhias ao Estadão/Broadcast. O valor do investimento ainda não foi divulgado.

Localizada onde os rios Amazonas e Tapajós se encontram, a nova base tem como objetivo atender principalmente o agronegócio e transportes da região, o que deve ocorrer a partir de maio, depois que o projeto receber autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Uma das vantagens do novo terminal, destacam executivos das empresas, será permitir a atracação de navios de grande porte, o que antes das obras não era possível. Até então, Santarém era abastecida por um pequeno terminal local que atendia apenas o consumo da região.

Terminal de combustíveis da Raízen e da Vibra em Santarém, no Pará Foto: Raízen/Divulgação

Atualmente, Santarém não é um polo de importação, mas com essa expansão e a ampliação do píer, será possível receber produto importado, de cabotagem ou mesmo de alguma refinaria nacional.

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“Vai ser principalmente um polo de diesel para o Mato Grosso, e, também nesse terminal, a gente vai receber (combustíveis) em navios grandes, vamos poder a partir daí embarcar os combustíveis em barcaças pra suprir outras regiões na região Norte, como Porto Velho, de barcaça, para Manaus, caminhões para Mato Grosso, ou seja, a gente ganha uma flexibilidade pra atendimento da região Norte com um custo mais eficiente, à medida que vamos poder receber lotes maiores dos navios”, explica o vice-presidente Executivo de Operações, Logística e Sourcing da Vibra, Marcelo Bragança, que vê na expansão uma chance de ajudar a descarbonizar a própria operação e dos seus clientes, entre eles, a Vale.

Com aproximadamente 120 milhões de litros de capacidade, a Base de Santarém tem conexão com píers de navios e barcaças, que farão a distribuição pelos dois rios. Até o final de 2025, o projeto prevê também outras entregas para atender os mercados no entorno da BR-163 - que liga o Rio Grande do Sul ao Pará.

Para o vice-presidente de Supply Chain da Raízen, Juliano Tamaso, o terminal trará ganho de eficiência e deve evitar de dois a três fretes marítimos em cada operação. Isso em uma região onde a demanda por combustíveis não para de crescer, puxado pelo agronegócio.

“Será a porta de entrada para qualquer navio de grande porte. Você pode receber qualquer produto e também pode exportar, é um terminal multimodal”, informa Tamaso. “Você está melhorando o escoamento logístico do País com esse terminal, lembrando que a região Centro Oeste é a região que mais cresce.”

Mercado

A parceria das duas rivais de mercado não é inédita. Repetida em alguns leilões de áreas portuárias, é comum que distribuidoras se unam com as concorrentes para dividir investimentos. Em Pernambuco, a operadora é a Vibra e o terminal das empresas no Porto de Suape também passa por expansão. No caso da Base Santarém, a operadora será a Raízen, que detém 60% do negócio e já possui 20% do mercado do Pará.

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Para a Vibra, o novo terminal significa uma expansão ainda maior no Pará, mercado que já lidera com 40,7% de market share, e onde investiu R$ 350 milhões nos últimos cinco anos. Além de Santarém, a Vibra possui três terminais no Estado, sendo o maior em Belém, mas também está em Marabá e Miritituba.

“Na ponta comercial a briga é ferrenha. Cada um tem sua política e está todo mundo brigando para conquistar clientes, fazer a sua rede de postos. Mas quando a gente olha para a parte de infraestrutura, faz sentido fazer operação conjunta porque reduz custos, que vai para as duas empresas, e acaba acirrando a briga na ponta, porque a maior parte dessa redução de custos a gente repassa”, explica Bragança.

Apesar de ter sido planejado muito antes do anúncio de que a COP-30 seria realizada no Pará, em 2025, o novo terminal das duas distribuidoras pode ajudar a atrair novos investimentos, avaliam os executivos.

“Essa base já estava prevista antes da COP-30, mas o que está acontecendo é ótimo, porque se você cria uma logística para a região, que vai ser beneficiada com mais impostos, mais navios vão parar lá”, diz Tamaso.

Já para Bragança, o Brasil tem uma grande chance de ser protagonista na agenda ambiental e o terminal é a prova do engajamento da Vibra nessa empreitada.

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“A Vibra tem uma presença forte na região amazônica e esses investimentos são uma prova que a gente continua apostando na melhora da infraestrutura, não só pela redução de custos, mas pela redução das emissões. À medida que eu entro com navio de grande porte, ele emite muito menos do que quando estou fazendo isso por barcaças ou caminhões”, diz Bragança.

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