A rede varejista Muffato ampliou seu processo de expansão e adquiriu quatro pontos comerciais na cidade de Curitiba, que operavam com a bandeira Nacional (antigo Mercadorama) e pertenciam ao Carrefour. Em comunicado, a varejista francesa anunciou a venda dos oito pontos que tinham essa bandeira. A transação ainda requer aprovação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A venda faz parte de uma iniciativa da empresa de se desfazer de ativos da Nacional e da BomPreço, com a qual espera levantar R$ 400 milhões.
Os novos pontos irão ganhar a bandeira Super Muffato, a principal da empresa paranaense. A transferência dos imóveis será realizada no menor tempo possível. As novas lojas devem ser incluídas no plano de expansão de 2025, de acordo com a companhia.
“Com a conclusão dessas aquisições, reforçaremos nossa presença em Curitiba. A oportunidade de atuar em pontos tradicionais, agregando valores e promovendo renovação, traz uma grande motivação a toda nossa equipe”, diz comunicado assinado por Ederson e Everton Muffato, diretores do Grupo Muffato.
De acordo com o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a Muffato é a sexta maior rede de varejo alimentar do País. O faturamento do grupo cresceu 30% em 2023, para R$ 15,6 bilhões, após a aquisição de oito unidades da Makro. Foi com essa operação que a Muffato chegou a São Paulo, com a marca de atacarejo Max Atacadista.
A Muffato é uma empresa familiar, hoje gerida pelos filhos do fundador Tito Muffato, que criou o negócio junto ao irmão, Pedro, e ao cunhado, Hermínio. Tudo começou com um pequeno armazém de secos e molhados em Cascavel. Ederson, Everton e Eduardo, os três filhos de Tito, morto em acidente de avião em março de 1996, lideram a empresa desde então.
Leia também
Revisão estratégica
Eduardo Yamashita, diretor de Operações da Gouvêa Ecosystem, destaca que acordos como o firmado entre Muffato e Carrefour são raros, pois demandam uma combinação precisa de fatores para que a operação seja vantajosa para ambos os lados.
“O segmento de supermercados é o mais maduro que temos no País. Dessa forma, é bastante difícil e complexo encontrar lojas que sejam interessantes, estejam disponíveis e sejam complementares às lojas da empresa que faz a compra, se encaixando no plano estratégico sem muita sobreposição”, afirma.
A venda das lojas da Nacional é parte de um processo para o Carrefour se desfazer das 64 lojas com a bandeira e com a BomPreço. Segundo a empresa, as 47 lojas da bandeira Nacional, localizadas na região Sul do Brasil, e as 17 lojas da bandeira BomPreço, localizadas na região Nordeste do Brasil, entregaram R$ 1,5 bilhão de vendas brutas nos últimos 12 meses, encerrados em setembro.
Até o fim do primeiro semestre de 2025, a empresa deve manter apenas 21 dessas lojas localizadas em regiões estratégicas. Elas passaram a contar com a bandeira Carrefour Bairro.
“O Grupo Carrefour Brasil continua executando sua estratégia com foco na maximização do retorno dos nossos ativos”, afirmou o Carrefour, em nota.
Para Yamashita, a reestruturação do Carrefour no País é parte de um movimento que atingiu todo o varejo mundial: um crescimento acelerado com expectativas de retorno rápido e uma subsequente revisão de projetos e investimentos, resultando em fechamento de unidades, venda de ativos e demissões. “Não só o Carrefour, mas as principais empresas de varejo do Brasil e também no mundo nesses últimos dois anos, de 2022 e 2023, fizeram um movimento bastante forte de revisão da sua estratégia e revisão do seu portfólio de negócios dado o momento econômico mais adverso e também pelo aumento da taxa de juros, que tornou o capital mais caro no Brasil”, diz.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.