Pelo segundo ano consecutivo os riscos cibernéticos aparecem como principal preocupação para as empresas brasileiras, de acordo com o estudo 11º Allianz Risk Barometer. Cerca de 64% dos respondentes consideram essa a maior ameaça para os negócios em 2022, seguido das catástrofes naturais (30%) e a interrupção de negócios (29%).
Ainda no ranking brasileiro, 26% dos participantes afirmam considerar o risco de fogo/explosão, 17% de desenvolvimento macroeconômico (exemplo: aumento de preços de commodities e inflação), e 14% o de pandemia, que em 2021 ocupava o terceiro lugar, mas este ano caiu para a sexta posição.
Novos riscos apareceram na lista deste ano como o de perda de reputação ou valor de marca (13%), mudanças na legislação e regulamentação (12%), e falhas em infraestrutura, como apagões elétricos (10%).
A preocupação com as mudanças climáticas caiu de 7º para 8º lugar, mas continua sendo um risco considerável pelas empresas, principalmente devido ao aumento de exigências relacionadas aos critérios ESG (ambiental, social e governança, em português).
“Em 2021 testemunhamos níveis sem precedentes de interrupção, causados por vários gatilhos. Ataques cibernéticos incapacitantes, o impacto na cadeia de abastecimento decorrente de eventos relacionados às mudanças climáticas, bem como problemas de fabricação relacionados à pandemia e gargalos de transporte causaram estragos. Este ano promete apenas uma flexibilização gradual da situação, embora outros problemas relacionados à covid-19 não possam ser descartados”, afirma o CEO da Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS), Joachim Mueller.
O relatório anual da AGCS identificou os principais riscos corporativos para os próximos 12 meses. Foram ouvidos ao todo 2.650 especialistas em gerenciamento de risco de 89 países e territórios, sendo 69 deles executivos brasileiros.
América Latina
Na América Latina, os incidentes cibernéticos estão entre os três principais riscos na maioria dos países pesquisados. Um dos principais fatores foi o aumento nos ataques de ransomware, que são confirmados como a principal ameaça cibernética para o ano pelos entrevistados da pesquisa (57%).
Segundo relatório da empresa de cibersegurança brasileira Apura, entre janeiro de 2020 e julho de 2021 foram identificados ataques ransomware que vitimaram 137 organizações na América Latina, no período. Deste total, 71 - ou 51% - se deram no Brasil, onde pelo menos 17 grupos de ransomware foram identificados. Quase metade dos ataques concentrou-se nas áreas governamental, industrial e em empresas de saúde.
“Ano passado vimos um número muito alto de ataques maliciosos, orquestrados por grupos que exploraram vulnerabilidades dos mais variados sistemas, atacando-os de maneira sistemática. Esta tendência deve se manter em 2022, especialmente com a crescente especialização dos cibercriminosos e os montantes envolvidos em suas atividades”, aponta Gustavo Galrão, Diretor Regional de Linhas Financeiras AGCS Ibero/Latam.
As interrupções de negócios figuram como o segundo principal risco global e o primeiro na Argentina, onde teve 58% das respostas. De acordo com a pesquisa, a causa mais preocupante são os incidentes cibernéticos; refletindo o aumento dos ataques de ransomware, mas também o impacto da crescente dependência das empresas na digitalização e a mudança para o trabalho remoto. Catástrofes naturais e pandemia são os outros dois gatilhos importantes para a interrupção na visão dos pesquisados.
Cenário Global
Globalmente, os incidentes cibernéticos também aparecem em primeiro lugar, com 44%, seguidos por: interrupção de negócios (42%) e catástrofes naturais (25%). Em 2021, o trio de riscos mundiais seguiu a ordem de: interrupção de negócios, surto pandêmico, e incidentes cibernéticos.
Também subiram de posição, em relação ao ano passado, as mudanças climáticas (de nono para sexto), a falta de mão de obra qualificada (de 13° para nono), perda de reputação ou valor da marca (de 12° para 11°), falha em infraestrutura (de 15° para 14°) e recall de produtos e gestão de qualidade (de 16° para 15°).
O estudo aponta que a crise da covid-19 deixou de representar uma ameaça mais evidente e imediata para as empresas, que neste ano classificaram o risco de surto pandêmico em quarto lugar (22%). Em 2021, o problema foi apontado como o principal risco em 16 países, e esteve entre os três maiores riscos em todos os continentes.
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