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Shopping Market Place, na zona sul de SP, deve reformular prédio e reduzir número de lojas

O empreendimento enfrenta concorrência de shoppings mais modernos na região do Morumbi e tem dificuldade de recuperar o patamar pré-pandemia para voltar a crescer

Foto do author Lucas Agrela
Foto do author Wesley Gonsalves

Com lojas vazias e dificuldades de locação após a pandemia de covid-19, o shopping Market Place, localizado na zona sul de São Paulo, se prepara para reformular o prédio. A ideia é fechar andares e transformá-los em escritórios e moradias, segundo fontes próximas à dona do shopping. Lojistas já recebem avisos para desocupar os espaços alugados. Procurado, o grupo Iguatemi, dono do empreendimento, disse que “não comenta rumores de mercado”.

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Interlocutores do setor, ligados ao Iguatemi, contaram à reportagem que a ideia da companhia seria reduzir a área de imóveis locáveis. Isso devido às dificuldades de utilizar a área disponível uma vez que a taxa de vacância do empreendimento está alta, o que seria o caminho para reduzir os custos do shopping.

Alguns contratos de lojistas já não foram renovados no ano passado justamente por isso. A unidade do restaurante Madero, por exemplo, já foi fechada. “Tivemos de fechar a loja agora em fevereiro porque eles vão fechar o andar (piso superior). No corredor, só estamos nós, porque o resto já fechou”, diz Júnior Durski, fundador e presidente do Grupo Madero.

O shopping, como todos os comércios, teve forte redução de fluxo durante os anos da pandemia de covid-19, em grande parte, devido ao trabalho remoto. Entre os estabelecimentos do grupo, a unidade foi a única que não se recuperou.

O Market Place tem área bruta locável de 26.690 m². No geral, o grupo obtém R$ 500 por m² de aluguel. No terceiro trimestre de 2023, a receita vinda do shopping foi de R$ 7,5 milhões, ante R$ 9,7 milhões no mesmo período no ano anterior.

O local é conhecido como um ponto importante para almoço de funcionários de empresas da região, que abriga sede de multinacionais como Samsung, Intel e Deloitte.

Shopping Market Place tem dependência do fluxo de trabalhadores de escritórios próximos  Foto: Shopping Market Place/Divulgação

Além de lojas e restaurantes âncora, como no caso de Madero, outros negócios menores também fecharão as portas definitivamente no Market Place e buscarão novos endereços. Conforme apurou a reportagem, uma loja de itens de decoração decidiu aproveitar o momento de redução das operações do centro de compras para se mudar definitivamente para o Shopping Parque da Cidade, que é administrado pela Enashopp, e fica a poucos metros do Market Place.

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Quem ainda não saiu, também avalia a possibilidade de deixar o empreendimento em meio às mudanças no perfil do shopping. A Cacau Show informou que não descarta a possibilidade de deixar o shopping, que hoje tem uma loja de operação própria. “O fechamento é uma possibilidade, mas ainda não está confirmado”, disse, em nota, a companhia.

“Estamos avaliando, considerando todo esse contexto, qual o melhor caminho. A Cacau Show faz questão de estar próxima de seus consumidores oferecendo produtos e serviços de qualidade com ótima relação custo benefício”, complementou a empresa de chocolates, no comunicado.

De acordo com dados do balanço do Iguatemi no terceiro trimestre de 2023, a taxa de ocupação de todos os seus shoppings era de 93,4%, ante 92,9% em igual período no ano anterior.

Em 2022, o Estadão adiantou que o grupo procurava comprador para o shopping, o que a empresa, à época, negou.

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No começo deste ano, o shopping Marechal Plaza, em São Bernardo do Campo (SP), anunciou o fim das atividades após 19 anos por não ter recuperado a viabilidade econômica do negócio após a pandemia.

Segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o número de inaugurações de shoppings desacelerou no País desde 2019, passando de 11 naquele ano para 8 em 2022 e cinco em 2023. Uma pesquisa da empresa, realizada no início de 2023, mostra que o público que frequenta shoppings no País ganha de três a seis salários mínimos, tem entre 20 e 44 anos de idade e vai à procura de compras (43%), lazer (31%), alimentação (21%) e serviços (5%).

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