Gestão de arquivos digitais, ainda incipiente no País, gera economia de R$ 7 milhões às empresas

Startup brasileira Yapoli disputa mercado com estrangeiras; intenção da empresa é triplicar faturamento em 2024

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Foto do author Luis Filipe Santos
Atualização:

Encontrar um arquivo importante de trabalho no computador nem sempre é fácil. A confusão entre pastas, por exemplo, pode fazer um profissional perder tempo demais na tarefa. Por isso, empresas especializadas na gestão de ativos digitais (DAM, na sigla em inglês) oferecem serviços para economizar horas de trabalho e tornar o armazenamento mais seguro frente a invasões.

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A ideia do DAM é que ativos — que vão de materiais publicitários e logotipos a contratos e segredos industriais — sejam guardados numa única plataforma, e não em pastas dos serviços de armazenamento como Google Drive e Dropbox, para reforçar a governança. Encontrá-los em caso de necessidade ficaria, portanto, mais fácil. A proteção contra ataques e a adequação à Lei Geral de Proteção de Dados também são reforçadas.

O Widen, plataforma da empresa Acqua, e o Adobe Experience Manager, na América do Norte, e a Bynder, na Europa, estão entre as principais empresas do setor. A estimativa é que o mercado de DAM movimente US$ 5,7 bilhões em 2024, cifra que deve crescer para US$ 10,7 bilhões em 2029, segundo a empresa de análise de mercado Mordor Intelligence. Essas empresas pouco participam do mercado brasileiro — normalmente, quando clientes multinacionais estão presentes.

O vácuo nesse serviço no Brasil foi a oportunidade para o surgimento da Yapoli, startup criada em 2018. Até hoje, ela tem como concorrentes no mercado nacional apenas as estrangeiras e outras empresas específicas do mercado de franchising. Com clientes como Havaianas, Habib’s e Flamengo, a Yapoli faturou R$ 1,6 milhão em 2023, com a projeção de chegar a R$ 5 milhões em 2024.

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Laura Coló e Adalberto Generoso, fundadores da Yapoli, startup de gestão de ativos digitais Foto: Fernanda Bizon / Yapoli

Segundo Adalberto Generoso, fundador e CEO da empresa, a necessidade da gestão de ativos digitais era óbvia quando ele ainda trabalhava no mercado publicitário. Por vezes, os clientes não tinham sequer a versão correta dos logotipos da empresa e horas eram perdidas em buscas de materiais que deveriam ser facilmente acessados.

“Na escala corporativa, estamos falando de grupos de fornecedores e clientes trocando materiais o tempo todo. Serviços como Sharepoint e Google Drive são como baldes que têm arquivos a esmo, enquanto ter um DAM garante que estão usando a versão correta”, afirma.

Para empresas de marketplace, o DAM permite que, com a alteração de uma plataforma, a nova versão seja automaticamente atualizada, o que garante a integridade da marca.

Em levantamento realizado pela Yapoli junto aos clientes, a estimativa é que cada funcionário deixa de desperdiçar quatro horas semanais em pesquisas, o que leva a uma economia de R$ 7,1 milhões ao longo de um ano. Em 2023, a média foi de que uma equipe de dez pessoas realizou 8 mil downloads, 20 mil buscas e 3 mil compartilhamentos por na plataforma da Yapoli ao longo do ano.

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“Nosso papel é deixar tudo no mesmo lugar, garantindo as melhores práticas de segurança pelo TI, dentro e a contento da LGPD e da lei europeia de dados”, diz o fundador da empresa.

Adalberto já havia saído do mercado publicitário e estava em um ano sabático quando começou a Yapoli. Inicialmente, convidou a sócia, a Laura Coló, e em seguida foi atrás de clientes, utilizando os contatos que havia conseguido na publicidade. Conseguiu uma empresa grande, que sustentou as contas por seis meses, antes de mais clientes chegarem. Agora, novos clientes normalmente batem à porta.

A Yapoli já participou de rodadas de captação de investimentos, e está aberta a entrar em outras, mas também busca investidores de outras formas, como um edital da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para empresas do setor da tecnologia. Atualmente, a empresa conta com 18 funcionários, espalhados pelo Brasil todo.

Segurança

Além de facilitar que arquivos sejam encontrados, a segurança é um ponto principal. De acordo com Generoso, a plataforma da Yapoli nunca foi invadida por hackers. No caso de erros humanos, é possível saber por meio de qual conta ocorreu o vazamento, e em qual horário, para mapear quando o conteúdo é consumido inapropriadamente.

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Ele afirma que o próprio fato de utilizar um DAM ajuda na cultura de preservação. “A partir do momento em que está em um DAM, ele te obriga a declarar que tem ciência que está sendo assistido no seu comportamento, no jeito que lida com os materiais. Muda a mentalidade, obriga os colaboradores a terem responsabilidade. É possível saber tudo, o que se buscou, baixou e compartilhou”, reforça.

Com o uso de um DAM, se tornaria mais fácil escalar projetos digitais e planejar campanhas. Ao mesmo tempo, com o 5G chegando e permitindo maiores velocidades de download e, consequentemente, a produção de materiais mais pesados, as empresas produzirão mais materiais que podem ser perdidos caso não haja controle adequado.

Futuro

Para o futuro, a Yapoli prevê a utilização de inteligência artificial generativa (aquelas capazes de gerar textos ou imagens, como o ChatGPT) para classificar os materiais postados na plataforma, além de uma expansão por outros mercados. “A intenção a curto prazo é ser a principal, ter o domínio e um volume de clientes expressivo no mercado nacional. Até 2026, queremos ter uma boa representação e uma boa capilaridade na América do Sul”, projeta Generoso.

Outro ponto é possivelmente atender o setor público. Conforme o CEO da empresa, há propostas de municípios e ministérios, mas o escopo das licitações chega distorcido. “Ainda estamos entendendo como dialogar com demandas governamentais”, diz. O próprio crescimento do mercado e conscientização da importância do DAM deve ajudar a empresa a expandir e atingir as metas.

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