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Superapp do Itaú: banco prepara migração de 15 milhões de clientes; veja quais são as mudanças

Clientes que usam apenas um produto do banco terão acesso ao aplicativo principal, antes restrito a correntistas; plataforma vai se moldar de forma automática ao perfil de cada usuário quando ele faz o login

Foto do author Matheus Piovesana
Atualização:

O Itaú Unibanco fará no segundo semestre a principal virada de chave prevista para 2024, ano em que completa cem anos: levará os clientes que usam apenas um produto do banco ao aplicativo principal, antes restrito a correntistas. A primeira onda de migração deve envolver 15 milhões de clientes. O número total de usuários esperado após a mudança não é revelado.

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Os clientes dos aplicativos Itaú Cartões, Credicard, Credicard On, Hipercard, Cartão Samsung Itaú e Decathlon Itaú, dedicados a cartões emitidos pelo banco, e os dos bancos digitais Iti e Player’s Bank passarão pela mudança. O chamado superapp é uma evolução do atual, para que se molde de forma automática ao perfil de cada cliente quando ele faz o login.

“Essa foi a principal escolha estratégica que fizemos há um ano e meio: dado o nível de modernização e prontidão das nossas plataformas e o que aprendemos com experimentação nos diferentes negócios, estávamos prontos para dar este passo”, afirma ao Estadão/Broadcast o diretor de Produtos e Negócios Digitais PF do Itaú, Alexandre Zancani.

Hoje, o Itaú oferece um aplicativo principal para que o cliente use a conta e os demais produtos e tem plataformas para produtos específicos, principalmente para quem não tem conta. Nos últimos anos, o modelo foi contraposto por bancos digitais como o Inter, que reúnem tudo em um só aplicativo.

Itaú juntará em um aplicativo só mesmo os apps que tem em conjunto com outras empresas, como Samsung e Decathlon Foto: SM2/Itaú

No Itaú, a mudança vem após uma década de transformação digital, acelerada sob a presidência de Milton Maluhy. Foi uma mudança dos sistemas desde as bases que permitiu ao banco implementar a customização automática. Graças a ela, um mesmo aplicativo se moldará a diferentes tipos de cliente.

“No Itaú tradicional, de dez anos atrás, a âncora de relacionamento era uma conta-corrente aberta na agência”, diz o diretor de Tecnologia, Design e Dados do Itaú, Ricardo Guerra. “No modelo que estamos montando, o superapp passa a ser a âncora do relacionamento.” O superapp vem após os cadastros dos clientes serem unificados, e é um dos primeiros reflexos do One Itaú, projeto iniciado em 2023 para fazer o usuário ser visto da mesma forma no banco todo.

O copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, afirmou que o superapp do banco permitirá um aumento de receita com a base de clientes que já estão no conglomerado. De acordo com ele, o Itaú poderá buscar um relacionamento mais amplo com usuários que hoje têm um produto só.

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“O superapp vai possibilitar um aumento de receita, ao trazer clientes que hoje têm só um produto”, disse ele durante o Itaú Day, evento do banco para investidores e analistas, realizado virtualmente.

Setubal afirmou que, em breve, o banco deve ter um novo aplicativo para as pequenas empresas, que utilizará automação para ampliar a interação com esse grupo.

O outro copresidente do conselho, Pedro Moreira Salles, disse que o Itaú pode crescer mais rapidamente quando deixar de olhar para os resultados de produtos e consolidar o que chama de “visão cliente”. “O Brasil está crescendo um pouco mais do que imaginávamos, e com isso o banco tem um pouco de vento de popa. Mas não podemos tirar o olho da questão da eficiência”, afirmou.

Segundo Moreira Salles, o Itaú tem crescido mais que os concorrentes tradicionais, mas menos do que players menores e mais novos, que partem de uma base menor, o que gera um efeito matemático que impulsiona o crescimento.

Novo momento, nova estrutura

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Até a década passada, os bancos conquistavam clientes por meios como as folhas de pagamento das empresas a que atendiam. Era possível, mas difícil uma mesma pessoa ter mais de um banco e não se falava em “principalidade”. Este modelo atribuía um peso maior ao correntista que aos clientes obtidos mediante outros canais, como os dos “cartões de loja”, por exemplo.

A ascensão dos bancos digitais alterou ambas as lógicas e fez os bancos perceberem nos clientes não-correntistas uma oportunidade de negócios que não estava sendo aproveitada como poderia. Como já está na base, conquistar esse cliente para mais produtos e serviços é mais fácil — e menos custoso.

Sob a nova visão, o Itaú aposentou a marca Itaucard em 2022. Agora, ao levar estes e outros clientes ao aplicativo completo, quer fechar o ciclo: se este cliente tem mais de uma necessidade financeira, ela pode ser atendida pelo Itaú. Não haverá uma obrigação, mas o “pulo” será facilitado.

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“O One Itaú é a escolha de levar 100% das soluções do Itaú para 100% dos clientes”, diz Zancani. Nem todos os aplicativos sairão de cena. O Íon, criado para atender ao público investidor de varejo, continuará existindo e segue como uma aposta do banco.

Iti

O novo modelo carrega aprendizados de experiências que o banco fez nos últimos anos. Uma das principais foi o Iti, lançado em 2020. “Havia jornadas de um banco 100% digital, no caso do Iti, e várias franquias de atendimento para cartões, para experimentar como atender melhor aos nossos clientes enquanto essa transformação do todo não estava pronta”, afirma o diretor.

De modo amplo, a mudança traz a percepção de que empresas da nova economia, como Netflix ou Amazon, constroem os negócios em torno das demandas dos clientes, e não da necessidade de vender determinado produto. “Aprendemos que só essa ambição já era algo extremamente complexo”, diz Guerra.

Segundo ele, o banco percebeu que era preciso reconstruir a lógica de operação das plataformas, algo que diante do tamanho do Itaú, demandou tempo. O banco não revela o investimento específico para a unificação de aplicativos.

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