A Comissão de Economia da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec) avalia que as empresas CBA, Usiminas e CSN podem enfrentar dificuldades caso as tarifas de 25% sobre aço e alumínio importados, prometidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sejam realmente impostas.
Para a entidade, embora seja cedo para ter uma visão clara dos efeitos sobre as exportações do País, a “iminente guerra comercial não é favorável para o Brasil e para o mundo”. O comunicado indica que as próximas semanas serão cruciais para entender as repercussões dessa decisão e como as empresas brasileiras se adaptarão a esse novo cenário, se concretizado.
O documento da Apimec ressalta que os cinco maiores fornecedores de aço para o mercado americano são o Canadá, o Brasil, o México, a Coreia do Sul e a Alemanha. Embora a China represente cerca de 54% da produção mundial de aço, não é um grande exportador para os EUA, uma vez que as tarifas sobre produtos siderúrgicos e de alumínio chineses já ultrapassam 25% desde o ano passado.
“O principal desafio trazido pela superprodução de aço chinês é que muitos produtos fabricados no México e no Canadá utilizam aço chinês como matéria-prima, resultando em preços extremamente competitivos para produtos como veículos e eletrodomésticos. Essa situação tem gerado insatisfação entre trabalhadores nos Estados Unidos, que enfrentam concorrência desleal”, avalia a Comissão de Economia da Apimec.

Segundo relatório divulgado no dia 27 de janeiro de 2025 pelo American Iron and Steel Institute (Instituto Americano de Ferro e Aço), o Brasil exportou 4,49 milhões de toneladas líquidas de aço em 2024, o que representou um avanço de 14,1% em relação a 2023, quando foram exportados 3,94 milhões.
A entidade afirma que as proteções comerciais impostas, desde o primeiro mandato do governo Trump, elevaram a capacidade produtiva da indústria siderúrgica dos EUA em cerca de 20% nos últimos seis anos, impulsionada pelas tarifas sobre o aço, embora ainda exista uma capacidade ociosa de cerca de 25% no setor.
A brasileira Gerdau, porém, avalia a Apimec, que tem cerca de 50% de suas operações voltadas para o mercado norte-americano, sendo parte fabricada nos EUA, pode se beneficiar desse movimento protecionista.
Qual é a importância dos EUA para o alumínio do Brasil
Embora a participação do Brasil nas importações americanas de produtos de alumínio seja relativamente pequena, menos de 1%, as exportações brasileiras do metal para os Estados Unidos corresponderam a 16,8% das vendas externas do metal, movimentando US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024, segundo dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal).
Leia também
“Ainda não temos a reação oficial do governo brasileiro a essa situação, que pode criar barreiras para importações iniciadas nos EUA, abrangendo eventualmente outros setores, como tecnologia. Além disso, é importante aguardar as medidas oficiais do governo Trump, que tem mudado o tom a cada semana e, como Japão e União Europeia se posicionarão diante dessa nova dinâmica comercial”, avalia a comissão da Apimec.