Telas maiores, poltronas aquecidas, sushi: como os cinemas querem reconquistar o público

Duramente castigado pela pandemia, setor oferece novas facilidades para atrair os clientes que se acostumaram com o streaming

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Por Jane Margolies

The New York Times - Mais de três anos após a pandemia ter afetado duramente os cinemas, reduzindo a chegada de novos filmes e mantendo os clientes afastados, as empresas esperam que uma série de lançamentos neste verão (do Hemisfério Norte) finalmente traga de volta aqueles que se acostumaram a assistir filmes em casa, pelas plataformas de streaming.

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Se os espectadores realmente voltarem - para assistir “A Pequena Sereia”, “Barbie” ou o filme mais recente das franquias Homem-Aranha e Indiana Jones -, podem achar que os espaços estão diferentes.

Os cinemas já estavam se atualizando antes da pandemia - trazendo assentos mais confortáveis, telas maiores, melhor equipamento de som e opções de comida e bebida mais saborosas.

Mas muitos cinemas também entraram em 2020 com margens estreitas e podem ter sobrevivido apenas por causa dos programas de ajuda do governo americano durante a pandemia. Agora, estão gastando milhões de dólares para reforçar suas ofertas e superar os números de antes da covid.

“Há uma urgência agora”, disse Mike Polydoros, presidente da PaperAirplane Media, uma agência de marketing de cinema.

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As empresas estão instalando nas salas espreguiçadeiras aquecidas, que reclinam totalmente ou têm bandejas e botões embutidos para chamar os garçons. Alguns assentos se movem em sincronia com a ação do filme ou fornecem efeitos especiais, como uma rajada de ar durante uma cena de vento, truques que antes eram típicos apenas em parques de diversões. Algumas salas, além disso, agora têm telas também nas laterais. As opções de menu tornaram-se cada vez mais sofisticadas. Alguém quer sushi? E você pode degustá-lo com uma cerveja IPA.

Essas inovações, porém, têm um custo: alguns cinemas estão cobrando 65% a mais por um filme exibido nas novas telas mais modernas, como ScreenX e RealD 3D.

As atualizações fazem parte de um esforço para compensar o tempo perdido. Os ganhos de bilheteria doméstica este ano ainda não correspondem aos níveis pré-pandemia. E especialistas dizem que pode levar anos para a indústria de cinema se recuperar das perdas causadas pela pandemia, possivelmente prejudicando a capacidade das operadoras de fazer investimentos para se manterem competitivas.

“Há um tremendo otimismo na indústria agora, mas também temos que estar atentos ao que aconteceu alguns anos atrás”, disse Michael O’Leary, presidente e executivo-chefe da Associação Nacional de Proprietários de Cinemas. “Isso nos obriga a continuar inovando.”

A nova ênfase está na qualidade, e não na quantidade, dizem os especialistas do setor, com os novos cinemas ficando menores. As espreguiçadeiras ocupam mais espaço do que os assentos verticais, de modo que as salas acomodam menos clientes.

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A EVO Entertainment transformou um complexo de 14 salas em Southlake, Texas, em um local de oito salas com restaurante Foto: Emil T. Lippe/The New York Times

“Eles não estão mais construindo complexos com 24 salas”, disse James O’Neil, diretor executivo da Cushman & Wakefield, empresa de serviços imobiliários comerciais.

A EVO Entertainment, uma das poucas empresas que criam “centros de entretenimento de cinema”, transformou um complexo de 14 salas em Southlake, Texas, em um local de oito salas com restaurante, parede de escalada, arvorismo e boliche, entre outras coisas. O custo: mais de US$ 10 milhões, quase o mesmo para construir um complexo do zero, disse Mitch Roberts, presidente executivo da empresa. “Você não pode mais fazer só o mínimo necessário.”

O preço médio do ingresso subiu para US$ 10,53 no ano passado, de US$ 9,16 em 2019, de acordo com a Cinema Foundation, um braço sem fins lucrativos da Associação Nacional de Proprietários de Cinemas. Isso pode saltar para US$ 20 ou mais para um filme em um auditório com telas extragrandes ou 3D. E os clientes parecem dispostos a pagar para ver os sucessos de bilheteria nesses espaços.

Centros de entretenimento de cinema têm salas com restaurante, parede de escalada, arvorismo e boliche  Foto: Emil T. Lippe/The New York Times

As cadeias de cinema também estão experimentando preços “premium” para os melhores assentos da casa e para filmes altamente esperados nos fins de semana de estreia.

Alguns operadores continuam a apostar em ofertas de alimentos e bebidas, incluindo itens especiais que os espectadores podem solicitar com antecedência e operações de restaurante com funcionários à disposição dos clientes.

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Mas, enquanto são pressionadas a se atualizar, muitas empresas continuam com dificuldades financeiras e algumas cadeias estão mudando de local. A AMC Entertainment, o maior circuito dos Estados Unidos, está sobrecarregada de dívidas. E os investimentos em tecnologia são caros. Um sistema IMAX custa cerca de US$ 1 milhão, sem incluir a instalação, que pode envolver a derrubada de uma parede entre duas pequenas salas de projeção para criar um espaço grande o suficiente, disse Richard L. Gelfond, CEO da IMAX.

Alguns cinemas recebem ajuda para pagar as reformas, principalmente dos interessados em que um tráfego maior às salas possa ajudar os varejistas vizinhos. Sucessos de bilheteria como “The Super Mario Bros. Movie” podem tornar mais fácil para os cinemas tomar empréstimos para fazer as melhorias, dizem especialistas do setor.

“Estamos começando a ver os bancos ficarem um pouco mais confortáveis”, disse Brock Bagby, vice-presidente executivo e diretor de conteúdo e desenvolvimento da B&B Theatres. Os donos de cinemas também estão tentando aumentar o uso de suas salas. Alguns estão exibindo shows e programas de TV, ou organizando noites de perguntas e respostas e torneios de videogame.

Mas, deixando de lado todos os novos truques, são os filmes populares que acabam atraindo clientes, e as operadoras esperam que os lançamentos deste verão continuem o ímpeto do sucesso de Mario Bros., que ajudou a impulsionar a bilheteria doméstica de abril em 11,5% em comparação com a média para o mês dos últimos três anos anteriores à pandemia, disse David A. Gross, que dirige a Franchise Entertainment Research, uma consultoria cinematográfica. “Foi um avanço”, disse.

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