Ternium investe na ampliação do uso de sucata na produção de aço

Empresa destinará R$ 100 milhões para usina no Rio; projeto faz parte de plano que vai investir R$ 700 milhões até 2030 em melhorias para reduzir o impacto ambiental da Ternium

PUBLICIDADE

Publicidade

RIO - Empresa do grupo ítalo-argentino Techint, a Ternium Brasil vai investir cerca de R$ 100 milhões nos próximos dois anos para ampliar o uso de sucata na produção de aço de seu parque industrial em Santa Cruz, na zona oeste do Rio. O projeto faz parte do plano da companhia de investir R$ 700 milhões até 2030 em melhorias operacionais para reduzir o impacto ambiental da usina.

O projeto prevê a ampliação do pátio de sucata existente em Santa Cruz, com a construção de um galpão e a instalação de pontes rolantes para otimizar o processo de separação e uso do material. Segundo a empresa, as obras foram iniciadas recentemente e a previsão é de serem concluídas em 2023. A expectativa é de ampliar em 80% o atual uso de sucata para a produção de aço.

CEO da Ternium, Marcelo Chara aposta na economia circular. Foto: Witon Júnior/Estadão - 14/12/2021

PUBLICIDADE

O uso da sucata incorpora o ferro metálico ao processo industrial, substituindo parte do consumo de minério, explica Marcelo Chara, CEO da Ternium Brasil. O processo se tornaria mais eficiente e permitiria a redução das emissões de CO2. A empresa anunciou no início do ano que pretende, globalmente, reduzir em 20% suas emissões até 2030.

A sucata tem diferentes origens, como tubulações, vigas e perfis metálicos descartados, além de bens como automóveis e eletrodomésticos. “O aço tem alta taxa de reciclabilidade, gera economia circular”, disse Chara, engenheiro argentino que assumiu a empresa em 2017, após o grupo Ternium adquirir 100% da siderúrgica da alemã ThyssenKrupp.

Capacidade

Publicidade

A Ternium Brasil produz hoje quase 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano, próximo ao limite da capacidade. No início da pandemia, durante três meses, a produção chegou a recuar 30%. A maior parte da produção é exportada para EUA, México e Europa a partir de um porto privativo em Santa Cruz. A empresa tem ainda uma usina termoelétrica de 490 megawatts de potência.

Chara evitou associar o projeto de sucata a uma otimização de custos na usina, após o preço do minério de ferro oscilar de US$ 80 para US$ 237 a tonelada de março de 2020 a maio deste ano. Hoje, a commodity é negociada perto de US$ 110 a tonelada no mercado internacional. Sobre o preço do minério, disse que “2022 deveria ser um ano de normalização de demandas, com um mercado mais equilibrado”.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, disse que o aumento do preço do carvão tem pressionado o custo das siderúrgicas, o que foi parcialmente compensando pela queda recente do preço do minério de ferro. “Temos visto as companhias darem valor maior para a sucata com a questão de custo e também de agenda ambiental”, disse o analista da Ativa Investimentos.

Arbetman disse que espera ver preços do minério de ferro de US$ 100 a US$ 120 a tonelada em 2022, valor intermediário entre o pré-pandemia e o pico deste ano. Sobre a produção de aço, ele afirma que o menor ritmo de produção da China abre espaço nas cadeias globais para siderúrgicas brasileiras que operam com custo de operação mais baixo. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.