Além de sua fama como empresário, Abilio Diniz, que morreu neste domingo, 18, aos 87 anos, teve uma longa relação com os esportes: de torcedor, praticante e incentivador a patrocinador e formulador de estratégias para que associações de diferentes categorias e clubes de futebol tivessem sucesso.
Um grande praticante de corridas, modalidade a qual incentivava familiares e até executivos de suas empresas aderirem, para manterem a forma e ganharem energia, pode-se dizer que ele teve participação importante em, pelo menos, duas medalhas olímpicas brasileiras. Ele foi grande incentivador de Maurren Maggi, ouro no salto em distância na Olimpíada de Pequim em 2008, e de Vanderlei Cordeiro de Lima, bronze na maratona de Atenas 2004. Promoveu maratonas, com a marca Pão de Açúcar, na cidade de São Paulo.
Se o atletismo era uma paixão, os seus interesses eram bastante amplos. Chegou a ser campeão brasileiro de polo a cavalo e de motonáutica, quando jovem. Venceu a prova Mil Milhas Brasileiras, disputando com o irmão Alcides. Praticou ainda judô, boxe, capoeira, karatê, tênis, squash, natação, levantamento de peso, ciclismo e esqui. O seu pai, Valentim Diniz, fundador do Pão de Açúcar, o incentivava a praticar lutas para se defender de crianças maiores.
Investiu também numa equipe de vôlei feminino nos anos 1990. E o seu filho Pedro Paulo Diniz chegou a ser piloto de Fórmula 1. Seu outro filho, o empresário João Paulo Diniz era triatleta. Ele morreu em julho de 2022, de infarto, enquanto participava de uma competição em Paraty (RJ), o que teria abalado o pai, segundo amigos.
São-paulino fanático, Diniz era regularmente convidado a ajudar em planos de reestruturação financeira do clube do Morumbi. Diferentes dirigentes pediam que aportasse dinheiro na agremiação, mas ele costumava dizer preferir ajudar na estratégia para o clube se manter saudável financeiramente, que poderia ajudar melhor assim.
No entanto, patrocinou equipes menores. Por alguns anos, a partir de 2005, o Pão de Açúcar fechou uma parceria de investimentos na categoria de base, participação em negociação de atletas e patrocínio de camisa do Juventus, tradicional equipe da Mooca. No período, o clube viveu um de seus melhores momentos recentes. Contratou jogadores conhecidos, como Vampeta, e revelou Elias, ambos os meias também jogaram pelo Corinthians e pela seleção brasileira.
Criou ainda o Osasco Audax, que chegou a ser vice-campeão paulista em 2016, com Fernando Diniz como técnico, e o Audax Rio, que subiu para a primeira divisão do estadual do Rio de Janeiro. Os clubes surgiram a partir do projeto Pão de Açúcar Esporte Clube, criado em 1985, como um projeto social e de formação de atletas. Em 2003, as atividades chegaram ao futebol e em 2006 os seus jogadores foram emprestados ao Juventus.
Com o sucesso do time da Mooca, que ficou em oitavo lugar no Paulistão de 2006, surgiu a ideia da formação do Audax. Com a venda do Grupo Pão de Açúcar para o grupo francês Casino, Diniz precisou abrir mão também do projeto do clube, que acabou sendo negociado em 2013 pela empresa.
O seu velório será, nesta segunda-feira, 19, no Salão Nobre do Estádio do Morumbi, remetendo ao seu carinho pelo clube pelo qual torceu.
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