Unilever investe R$ 410 milhões no Brasil e aposta em desodorantes; entenda por quê

Recursos serão voltados para a construção de um hub logístico em Itupeva (SP), a aumento da capacidade de centros de distribuição, com uma nova unidade em Serra (ES), além de aumento de produção de fábrica de desodorantes

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Foto do author Carlos Eduardo Valim
Atualização:

A Unilever vai investir R$ 410 milhões para aprimorar a sua estrutura de distribuição e ampliar a produção de desodorantes no Brasil. Os aportes fazem parte da estratégia de expansão até 2030 delineada para a companhia em todo o mundo, segundo o colombiano Andrés González, que assumiu a presidência da Unilever Brasil há um ano após comandar a subsidiária colombiana.

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Serão R$ 265 milhões voltados para a expansão da unidade de Aguaí, localizada no interior de São Paulo, que passará a ter uma quarta linha de produção de desodorantes e um aumento de mais de 30% de capacidade produtiva. Voltada para as quatro principais marcas da Unilever no segmento (Rexona, Dove, Axe e Suave), é a segunda maior fábrica de desodorantes da empresa no mundo.

Esse é o maior investimento na produção de cuidados pessoais da empresa desde a construção dessa mesma fábrica em 2015, quando foram investidos R$ 500 milhões. A expectativa é atingir 345 colaboradores até o fim deste ano, quase dobrando em relação a 2022.

Já para ampliar, modernizar e automatizar seus centros logísticos no Brasil serão investidos R$ 145 milhões. A iniciativa busca aumentar a eficiência operacional, expandir em quase 40% a capacidade de armazenamento e permitir o crescimento de vendas no País até o fim da década.

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Andrés González, presidente da Unilever Brasil Foto: Divulgação Unilever

O planejamento prevê a construção do primeiro hub logístico da companhia, que ficará localizado em Itupeva (SP), além de um novo centro de distribuição em Serra (ES). Os outros centros em operação também receberão aprimoramento. “Depois de 95 anos de operação no Brasil, esses investimentos mostram um compromisso ainda maior para o País, olhando três passos à frente”, afirma González, em sua primeira entrevista desde que assumiu a subsidiária brasileira da Unilever.

“É um investimento com olhar de futuro, para melhorar a nossa capacidade de operação e ganhar eficiência.” O argentino Fernando Fernandez foi nomeado CEO global da Unilever no início deste mês, sucedendo Hein Schumacher. Antes disso, ele liderou a operação da empresa no Brasil entre 2011 e 2019.

O Brasil representa o terceiro maior mercado da Unilever, atrás apenas dos Estados Unidos e Índia.

Melhoria logística

Com esses investimentos, a Unilever ampliará o número de centros logísticos no Brasil de sete para nove ainda em 2025, o que permitirá atingir a capacidade total de 280 mil posições paletes.

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O hub de Itupeva, previsto para estar em pleno funcionamento até o final de 2025, receberá a maior parte dos investimentos e terá capacidade para 50 mil posições paletes. Ele se localizará estrategicamente entre três das principais fábricas da empresa, localizadas no interior de São Paulo, nas cidades de Valinhos, Vinhedo e Aguaí, responsáveis pela produção de algumas das linhas mais comercializadas pela empresa no Brasil, como o sabão em pó Omo, em Indaiatuba.

A Unilever constrói hub logístico em Itupeva, como parte de plano de R$ 145 milhões em investimentos Foto: Divulgação Unilever

Também terá a função de redirecionar os produtos para outros centros de distribuição espalhados pelo País, com objetivo de tornar a logística mais integrada, ágil e eficiente. “Ela funcionará como um pulmão da empresa para a operação nacional”, afirma González. “É um pensamento olhando o plano para 2030.″

O novo armazém está sendo criado para ser uma referência mundial dentro da Unilever, com alto uso de tecnologia. Permitirá automação total de descarregamento, movimentação, armazenagem e carregamento de itens, por meio de esteiras e carros shuttles 4D, que são veículos elétricos automatizados. Com isso, o tempo de descarregamento e carregamento pode ser otimizado em 62%, permitindo ainda dobrar a capacidade de armazenamento, se comparado a um armazém sem esta forma de automação.

Já o novo centro de distribuição em Serra será o primeiro da Unilever no Espírito Santo, e tem como objetivo abastecer clientes das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul. Com capacidade para 14 mil posições paletes, está previsto para ser inaugurado ainda no primeiro semestre de 2025.

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Todos os outros centros de distribuição nos Estados de São Paulo (Louveira e Indaiatuba), Minas Gerais (Pouso Alegre), Goiás (Goiânia) e Pernambuco (Igarassu, Garanhus e Cabo) também receberão investimentos, para ampliar a capacidade de armazenamento e melhorar os processos logísticos.

Nova empresa de sorvetes

Todos esses investimentos não contemplam o negócio de sorvetes. Com faturamento de € 60,8 bilhões (R$ 375 bilhões) em todo o mundo, em 2024, a Unilever está dividida em quatro divisões: beleza e bem-estar, cuidado pessoal, cuidados com a casa e alimentos. O crescimento foi de 4,2% em faturamento e de 2% em volume em relação a 2023.

Com a expectativa de ampliar em 40% a sua capacidade de armazenamento para dar conta do crescimento no Brasil até o fim da década, a empresa espera manter a divisão da América Latina se expandindo mais rapidamente do que o resto do mundo. A empresa atua no Brasil há 95 anos, sob diversos nomes anteriores como Gessy e Gessy Lever, com fábricas em São Paulo (Valinhos, Vinhedo, Aguaí e Indaiatuba), Minas Gerais (Pouso Alegre) e Pernambuco (Igarassu, Garanhus e Ipojuca). “O novo investimento logístico permite um olhar mais estratégico para cada divisão”, diz González.

A empresa está presente em 190 países, com 128 mil funcionários, sendo que 10 mil estão no Brasil, e a estimativa de ter produtos utilizados diariamente por 3,4 bilhões de pessoas.

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Na terça-feira, 18, a Unilever anunciou o nome da nova empresa que será desmembrada a partir de sua divisão de sorvetes. Ela será chamada The Magnum Ice Cream Company.

Dona das marcas Kibon, Magnum, Walls, Ben & Jerry’s e Cornetto, nascerá como objetivo de alcançar um valor de mercado superior para as duas empresas, uma vez que o negócio de sorvetes trazia pouca sinergia com o restante da operação.

O objetivo é completar a separação até o fim de 2025. No Brasil, as fábricas de sorvetes e suas operações logísticas já são todas separadas das outras divisões, até por conta das especificidades do produto e da necessidade de refrigeração.

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