Varejista de insumos Agrogalaxy avalia fechar lojas em busca de maior rentabilidade

Atualmente, grupo tem 169 lojas em operação, das quais oito abertas neste ano; diagnóstico sobre desempenho das unidades está em andamento

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Foto do author Isadora Duarte

BRASÍLIA - Com a perspectiva de encerrar o ano com menor receita e rentabilidade mais estreita, o Agrogalaxy, grupo varejista de insumos agrícolas e serviços, avalia o fechamento de revendas ainda neste ano. Atualmente, o grupo tem 169 lojas em operação, das quais oito unidades abertas neste ano.

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“Mantemos a mesma estratégia de rentabilizar as lojas e acelerar o período de crescimento das lojas, que era de três a quatro anos para alcançar a maturidade. Hoje, 23% da receita vem das lojas abertas nos últimos 24 meses. Nosso plano é ficar dentro dessas poucas novas lojas para este ano e talvez até fechar algumas que não estejam entregando o esperado”, disse o presidente do grupo, Welles Pascoal, ao Estadão/Broadcast, ao comentar os resultados financeiros da empresa referentes ao terceiro trimestre deste ano.

O plano inicial para o ano era abrir entre 12 e 15 novas lojas. Posteriormente, foi revisado para oito unidades, sendo que seis foram inauguradas, e agora a empresa avalia o retorno financeiro loja a loja. “Se vemos que alguma loja não está entregando, temos a opção de abrir em outro local ou fechar aquela e atender os clientes daquela região em outras lojas. Ainda estamos trabalhando em números, mas não será um número grande. Isso faz parte da nossa estratégia de rentabilizar a empresa, focar em margem”, disse Pascoal.

Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores do Agrogalaxy, Eron Martins, o diagnóstico sobre quantas revendas serão encerradas ainda está em andamento pela empresa, que avalia o desempenho individual de todas as unidades. “A ideia é trabalhar com vendas de maior qualidade como qualquer outro varejo faz para trazer números mais robustos”, disse.

Agrogalaxy é uma das redes varejistas de insumos para o agronegócio Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Conforme o diretor vice-presidente de Operações do Agrogalaxy, Axel Jorge Labourt, a análise de rentabilidade das lojas, que era anual, tornou-se mais frequente. Entre o desempenho avaliado, o Agrogalaxy busca averiguar o desempenho de cada unidade em mix de vendas de fertilizantes, biológicos e recebimento de grãos. “Estamos olhando para loja nova e antiga. Entendemos que cada loja tem de se justificar. Não temos número definido, mas não deve ser surpresa se anunciarmos à frente algum fechamento de loja”, disse.

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A estratégia de eventual encerramento de lojas, segundo Pascoal, é a maneira de a empresa se preparar para enfrentar um cenário não tão pujante no agronegócio, em meio aos baixos preços das commodities. “Isso é o normal do agronegócio: alguns anos excelentes, alguns anos bons e outros péssimos. É importante entender isso e tomar as decisões cabíveis no momento, porque o agricultor continuará plantando e o Brasil vai continuar crescendo. Estamos preparados para trabalhar bem em cenários que podem ser adversos.”

No acumulado do ano, o Agrogalaxy projeta alcançar receita líquida entre R$ 11 bilhões e R$ 11,3 bilhões ante R$ 11,5 bilhões registrados no ano passado. O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia é estimado entre R$ 500 milhões e R$ 550 milhões ao fim do ano, em comparação com R$ 705 milhões reportados em 2022.

“Estamos privilegiando margens mais sadias, principalmente, olhando que o mercado está atrasado e que talvez não aconteça toda receita que poderia acontecer no ano. Estamos também controlando quase de maneira excessiva as despesas para traduzir em margens. Nosso foco é aproveitar as oportunidades de bons negócios, mas que tragam margens para a empresa e permita ter melhor rentabilidade”, comentou Pascoal.

Para Martins, apesar do foco maior em rentabilidade, o desafio permanece em faturamento, considerando que a empresa tem hoje rentabilidade acima do esperado. “Ainda não entregamos as pontas. Temos até o último dia do ano para faturar e, portanto, estamos indo atrás desse número anual”, projetou Martins. Em setembro deste ano, a carteira de pedidos no portfólio do Agrogalaxy somava R$ 1,977 bilhão em comparação com R$ 2,754 bilhões em setembro de 2022, queda de 28%. O Agrogalaxy atribui a retração à queda de preços em fertilizantes e herbicidas e à tendência de o produtor realizar pedidos “da mão para a boca”, ou seja, mais próximo do momento do plantio.

Entre as linhas de maior rentabilidade que são alvo da companhia, destacam-se os bioinsumos e as especialidades — insumos especiais, como fertilizantes ou defensivos de maior valor agregado. “Mesmo com esse atraso das compras dos produtores, do terceiro trimestre de 2022 para o terceiro trimestre de 2023 crescemos três pontos porcentuais na receita de especialidades e 1,7 ponto porcentual em bioinsumos, pelo terceiro trimestre consecutivo. Continuamos crescendo na receita de especialidades, mesmo no último trimestre, que costuma ser de maior volume de sementes e fertilizantes”, destacou Labourt.

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Em relação à safra 2023/24, os executivos afirmaram ter visto deslocamento de parte das vendas do terceiro trimestre para o quarto trimestre deste ano, em virtude do plantio atrasado dos grãos de verão. Em volume, a venda de insumos cresceu 2,9% na comparação anual do último trimestre. “O agricultor está comprando da mão para boca. O clima tem colaborado para que ele compre volumes menores, além de que ele já tinha estoques. A partir do momento que as chuvas se regularizarem, o parque de máquinas está pronto para realizar plantio e há capacidade de recuperar o tempo perdido”, avaliou Pascoal. Ele mencionou que o Paraná, por exemplo, apresenta boa evolução da semeadura.

Na avaliação de Labourt, será necessário ainda mais tempo para entender o desdobramento da safra de soja, dada a previsão de chuvas regulares em Mato Grosso somente a partir de 20 de novembro. “Pelo fato exclusivamente do replantio, por enquanto, é cedo para dizer que terá queda de produtividade, mas o veranico forte de setembro e se as chuvas não se regularizarem é provável queda de produtividade, mesmo assim ainda podendo ser acima do colhido no ano passado. Mesmo com rendimentos díspares ao longo do Brasil pela irregularidade das chuvas, tudo indica que será uma safra recorde no País”, disse. Já o milho de segunda safra tende a apresentar redução na área plantada, em virtude da janela mais curta para plantio, lembrou Labourt.

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