Varejistas de moda priorizam cobrança e ‘seguram’ crédito em momento de inadimplência em alta

Para garantir melhores índices daqui em diante, as empresas estão fazendo ajustes na concessão de crédito e intensificando as cobranças

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Foto do author Talita Nascimento
Atualização:

A piora na inadimplência foi assunto na divulgação de resultados de todas as varejistas de moda do País. Para garantir melhores índices daqui em diante, as empresas estão fazendo ajustes na concessão de crédito e intensificando as cobranças. No entanto, conservadorismo no crédito pode significar vendas menores.

Um dos indicadores que chamaram a atenção foi a inadimplência do C&A Pay, cartão de crédito digital da marca, que chegou a 19,4%. O CEO da varejista, Paulo Corrêa, disse ao Estadão/Broadcast que o porcentual deve continuar a subir até estacionar em um patamar entre 25% e 30%. Nos cartões da Bradescard, parceira da C&A, a inadimplência foi de 13,5% de abril a junho.

Renner fechou 2º trimestre com 28,8% de inadimplência no cartão Foto: Daniel Teixeira/Estadão - 1/8/2022

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Corrêa explicou que a situação está dentro do planejado, já que produtos novos de crédito costumam ter uma curva maior de inadimplência até atingir sua maturidade.

Além disso, o chamado cartão de loja costuma ter índices altos de inadimplência. No caso da Renner, por exemplo, os valores vencidos representaram 28,8% da carteira no segundo trimestre de 2022. Há um ano, o índice era de 24,3%.

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O diretor financeiro da Renner, Daniel Santos, disse, após a divulgação de resultados, que a empresa já esperava uma piora da inadimplência. “Tem uma bolha na carteira de uma parcela dos clientes que comprou demais, e a inflação comeu a renda”, explicou.

Na Marisa, os atrasos também são uma preocupação. A participação dos cartões da rede nas vendas do trimestre fechou em 38,1%, queda de 3,5 pontos porcentuais em relação ao mesmo período de 2021. A empresa explicou que isso é “reflexo da política mais conservadora de concessão de crédito nesse período devido à alta nos níveis de inadimplência do consumidor em geral”.

As perdas líquidas de recuperações, porém, aumentaram 42,9% no trimestre passado, em relação ao segundo trimestre de 2021, e refletem os maiores níveis de provisões para devedores duvidosos (valor reservado para cobrir calotes) no período.

Vendas

Sobre o risco de que fechar a torneira do crédito pode afetar as vendas, Santos, da Renner, disse que o efeito pode não ser tão relevante. O executivo explica que a empresa se tornou mais cautelosa em relação ao perfil de risco de novos clientes, mas que, ainda assim, a carteira de crédito da companhia continua a crescer.

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Corrêa, da C&A, afirmou que o C&A Pay tem o intuito de ampliar as vendas da companhia por meio do crédito. Por isso, estima a aterrissagem da inadimplência em 25% a 30% como dentro do planejado.

“Exceto a C&A, as empresas sinalizaram que a inadimplência deve se normalizar a partir do terceiro trimestre, sem grandes impactos nas vendas”, diz a líder do time de pesquisa em varejo da XP, Danniela Eiger.

Para o terceiro trimestre, as empresas sinalizaram um crescimento mais comportado das vendas. Eduardo Yamashita, chefe de operações da consultoria Gouvêa Ecossystem, lembrou que, nas classes de renda mais baixa e entre o público mais jovem, a inadimplência tem se mostrado mais alta. No entanto, ele pondera que, muitas vezes, as métricas de inadimplência mudam de companhia para companhia, o que não permite fazer comparações diretas entre os patamares mostrados por elas. l T.N.

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