EFE, Paris - O plano de arrancar 9% das vinhas de Bordeaux começou nesta segunda-feira, 5, com a assinatura do acordo pelo ministro francês da Agricultura, Marc Freneau, e vários representantes das vinícolas regionais.
O projeto prevê arrancar 9,5 mil hectares de vinhas da denominação de origem Bordeaux, ou quase 9% dos 110 mil hectares incluídos naquela denominação de origem, por conta da crise provocada pela queda nas vendas e pelo aumento da produção.
O plano inclui subvenções de 6 mil euros por cada hectare de vinha arrancada, com um orçamento total de 57 milhões de euros que serão fornecidos pelo governo francês, pelo Conselho Interprofissional do Vinho de Bordeaux (CIVB) e pela região da Nova Aquitânia.
A retirada será focada principalmente nas vinhas abandonadas por falta de rentabilidade ou que corram o risco de ficar nessa situação, dada a dificuldade dos seus proprietários em fazer face, “material e economicamente, ao trabalho nas suas vinhas”, detalhou o Ministério da Agricultura.
“O objetivo é poder começar a aplicar o plano a partir do final da safra, no mês de outubro”, disse Freneau em comunicado à rede de emissoras regionais France Bleu.
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O ministro lembrou que as retiradas das vinhas são agora considerados “sanitárias”, uma vez que visam a prevenir a propagação de doenças. Se as vinhas forem abandonadas sem controle, toda a produção de Bordeaux “ficaria exposta a uma situação fitossanitária incontrolável”, disse o ministério.
No entanto, os viticultores consideram que, atualmente, cerca de 40 mil hectares de Bordeaux são cultivados com prejuízo.
O presidente do Comitê Nacional Interprofissional do Vinho (CNIV), Bernard Farges, reconheceu ao France Info que “era urgente reduzir uma parte da superfície das vinhas”, e lembrou que nos últimos anos se registrou “uma diminuição muito forte do consumo de vinho tinto na França”, da ordem de 30%.
A isto junta-se a redução das exportações, inicialmente fruto da pandemia, em 2020 e 2021, que ainda não conseguiu recuperar totalmente, bem como a queda das vendas para a China por conta dos acordos comerciais naquele país que privilegiam outros países fornecedores.
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