A Votorantim, um dos maiores conglomerados empresariais do País, estima investimentos na ordem de R$ 5,5 bilhões em 2023. O montante será um pouco menor do que em 2022, quando bateu em R$ 5,8 bilhões, mas ainda assim bastante robusto. O foco será consolidar os negócios agregados mais recentemente à holding, bem como modernizar os negócios mais antigos visando a ganhos de eficiência.
“Teremos aportes para modernização das unidades consolidadas em busca de mais competitividade. Aí são investimentos já programados. Mas também teremos investimentos nos novos negócios, inorgânicos”, conta o presidente do grupo, João Schmidt, em entrevista ao Estadão/Broadcast. “Nós já fizemos movimentos ao longo de 2021 e 2022 que levaram à criação de várias plataformas de negócios e agora em 2023 vamos fazer a consolidação, explorando as oportunidades. Será um ano de consolidação e de novos investimentos”, complementa.
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A holding atua nos segmentos de materiais de construção, financeiro, alumínio, energia limpa e renovável, mineração e metalurgia, suco de laranja, aços longos, imobiliário e infraestrutura. E o último ano foi bastante movimentando em termos de diversificação.
O grupo concluiu em 2022 a reorganização societária dos ativos de energia da Votorantim e do CPP Investments, que resultou na criação da Auren, empresa listada no Novo Mercado da B3 e uma das maiores plataformas de energia renovável do Brasil. Já no começo de 2023, veio outra tacada no setor de energia. Em uma nova parceria, a Votorantim e o CCP criaram a Floen, empresa de investimento em soluções de transição energética. Desta forma, a agenda de transição energética ganhou espaço na pauta de investimentos para 2023.
Outra operação com mandato para aportes é a 23S Capital, um braço criado em parceria com a Temasek e que tem R$ 3,6 bilhões reservados para teses de alto crescimento. Os aportes serão feitos em troca de participações minoritárias, porém com acesso à governança. “O foco aqui são empresas mais consolidadas e sem limitação de setores, mas preferência para atuação ligada a saúde, longevidade, educação, digitalização”, explica Schmidt. A expectativa é que os R$ 3,6 bilhões sejam aplicados ao longo de dois a quatro anos.
No mesmo ano o grupo ampliou a presença em infraestrutura, com a entrada no bloco de controle da CCR. Ainda entre os principais movimentos em 2022, ocorreram: a parceria do banco BV com o Bradesco para a criação de uma nova gestora de investimentos independente; o avanço da internacionalização da Votorantim Cimentos, com a conclusão da aquisição de plantas no Sul da Espanha; o follow-on da CBA; e a criação da Evera, nova plataforma de ingredientes naturais da Citrosuco.
Apesar das incertezas sobre os rumos do País neste começo de governo, o presidente da Votorantim pondera que o cenário macroeconômico e político não é determinando para que a companhia acelere ou desacelere. “O que importa é que temos um balanço flexível para atuar em teses que façam sentido para nós”, afirma, reiterando o olhar de longo prazo.
“Em um cenário macroeconômico com diversos desafios, terminamos o ano com a estrutura de capital adequada na Votorantim e nas empresas que compõem o nosso portfólio. Fomos capazes de manter métricas de crédito saudáveis e mantivemos o grau de investimento pelas três maiores empresas globais de avaliação de crédito. A Votorantim está preparada para mais passos na transformação de seu portfólio”, acrescenta o diretor financeiro, Sergio Malacrida.
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