As mudanças de regras do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), entre 2016 e 2017, obrigaram uma reinvenção do negócio para os grupos privados de ensino superior. Foi o caso da Yduqs, dona da Estácio e do Ibmec, que há cinco anos tinha receita de R$ 1,3 bilhão fruto do programa de financiamento subsidiado pelo governo. Essa linha caiu para cerca de R$ 300 milhões anuais, mas a empresa já fatura com o ensino a distância (EAD) o mesmo patamar do antigo Fies. E deve atingir esse faturamento também com seus cursos de Medicina. Ou seja, segundo o presidente da companhia, Eduardo Parente, essas linhas de negócio vão representar “dois Fies”.
Parente diz, em entrevista ao Estadão, que o crescimento do EAD - modelo impulsionado durante a pandemia - ajudou na estratégia de levar polos de ensino para o interior do Brasil, uma vez que o modelo presencial estava mais voltado aos grandes centros.
Com polos mais enxutos, que são locais dotados de Wi-Fi e computadores onde os alunos podem assistir às aulas, a empresa traçou sua trajetória de interiorização, chegando até a pequenos municípios. Para o presidente da Yduqs, ter esse tipo de estrutura é fundamental, uma vez que o foco da companhia está nas classes C e D.
Isso, porém, não significa que o ensino presencial tenha deixado de ser importante, afirma Parente. Segundo ele, após a fase mais crítica da pandemia, o número de alunos no ensino in loco cresceu, provando que os alunos cansaram das aulas pelas telas. A Yduqs tem 277 mil alunos no modelo presencial e 954 mil no EAD. O executivo diz que, nas regiões onde estão as estruturas do ensino presencial, o modelo a distância cresce mais rápido.
Medicina
Além do EAD, a segunda avenida de crescimento da companhia está nos cursos de Medicina. A empresa oferece hoje 2,5 mil vagas. Ainda não há formados em algumas unidades, o que significa que essa linha de receita ainda está em fase de maturação. No ano passado, esses cursos trouxeram receitas de R$ 700 milhões (junto com Ibmec), mas o faturamento de R$ 1,3 bilhão está próximo, aponta.
Diferentemente dos demais cursos do grupo, os de Medicina são voltados ao topo da pirâmide social – as classes A e B. Isso porque a mensalidade está na casa de R$ 9 mil. Hoje são 6,7 mil alunos de Medicina no grupo, e a projeção é de que o número fique próximo de 7,5 mil já no final de 2022.
A Yduqs já começa a preparar sua próxima aposta de crescimento. A área escolhida foi a dos cursos livres, nicho que ganhou força ao longo do período de crise sanitária. A explicação é que as pessoas buscaram reforçar o currículo ou aprender novas habilidades por conta tanto da procura por qualificação como pelo aumento do desemprego. “É um mercado infinito sem amarra regulatória”, diz Parente.
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