Niigata, Japão - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terá uma reunião bilateral nesta sexta-feira, 12, com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva. No encontro, o ministro pretende interceder pela Argentina, que tem uma economia endividada com potencial de impactar o crescimento do Brasil.
Haddad e Georgieva vão se encontrar às margens do G-7 Financeiro, cúpula que acontece nesta semana em Niigata, no Japão. O Grupo dos Sete é formado por Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Itália, França, Canadá e Japão. O Brasil participa na condição de convidado, assim como outras nações emergentes. O ministro da Fazenda participa dos três painéis desta sexta-feira e, amanhã, já inicia seu retorno ao Brasil.
Ontem, em bilateral com a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, Haddad também intercedeu pela Argentina. “A solução para a Argentina passa pelo FMI”, destacou o ministro a jornalistas após o encontro.
A intercessão brasileira em nome da economia argentina acontece semanas depois de o presidente da Argentina, Alberto Fernández, visitar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada. Na ocasião, o petista se comprometeu a trabalhar para convencer o Fundo Monetário Internacional (FMI) a “tirar a faca do pescoço” da Argentina.
Para além da identificação ideológica, o governo brasileiro quer ajudar a Argentina no campo da economia em ano eleitoral para evitar uma queda nas exportações ao País vizinho que leve ao enfraquecimento da atividade nacional. Os dois países estudam formas de financiar as exportações à Argentina, mas esbarram na garantia à política creditícia.
Além de Georgieva, Haddad se reúne ainda nesta sexta-feira com o ministro das Finanças do Japão e anfitrião do G-7, Shunichi Suzuki, e participa dos painéis da cúpula. O primeiro deles abordou o futuro do Estado de bem-estar social e foi conduzido por Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de economia, com quem Haddad teve um encontro reservado pela manhã.
O segundo painel é sobre macroeconomia dos países emergentes. O terceiro tem na pauta as dificuldades de financiamento dos mais diversos setores da economia, em especial da infraestrutura.
Ao chegar na cúpula do G-7, Haddad se reuniu reservadamente com a ministra das Finanças da Índia, Nirmala Sitharama. O encontro é mais um passo na “troca de bastão” do G-20: no ano que vem, o Brasil vai assumir a presidência do bloco, hoje ocupada pela Índia.
Acompanham Haddad nas atividades pelo Japão a chefe da Secretaria de Assuntos Internacionais da Fazenda, Tatiana Rosito, e o assessor especial Mathias Alencastro.
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