Os pequenos ajustes na condução da política macroeconômica nos últimos dias não significam uma correção de rumo. O governo não trabalha com a adoção de um novo conjunto de medidas como as adotadas no início da gestão Dilma Rousseff, quando os juros foram elevados, o esforço fiscal foi aumentado e uma série de medidas para frear o crédito - chamadas à época de "macroprudenciais" - foram implementadas. Os ajustes recentes, como a retirada de imposto sobre a entrada de capital estrangeiro para comprar títulos públicos brasileiros e a sinalização de que o governo vai perseguir uma meta fiscal maior do que o mercado prevê, não alteram o "modelo Dilma" de condução da política econômica. Segundo os técnicos do governo, a gestão Dilma Rousseff na economia começou, efetivamente, em agosto de 2011. Naquele mês, o governo lançou o primeiro pacote de estímulos à atividade - o Plano Brasil Maior -, e engordou a meta fiscal em R$ 10 bilhões, de forma a abrir espaço para que o BC reduzisse a taxa de juros. Modelo. A nova matriz macroeconômica consiste em juros mais baixos, câmbio mais desvalorizado em relação ao dólar e um superávit primário (o nome técnico para a meta fiscal) que segue as necessidades da economia - que cai quando é necessário ampliar as desonerações fiscais e sobe quando é preciso apertar o cinto e reduzir o impulso à economia. Na visão do governo Dilma, o tripé anterior - superávit primário, câmbio flutuante e meta de inflação - foi necessário para a travessia da primeira década do século, mas não se aplicaria mais no mundo mergulhado na crise de 2008. O mercado começou a desconfiar da nova matriz justamente quando os EUA começaram a sinalizar que poderiam elevar os juros e moderar a compra de títulos no mercado. E o modelo brasileiro foi posto em xeque. / IURI DANTAS E J.V.
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