A América Latina carece de infraestrutura para sustentar o crescimento econômico, investe pouco e investe mal nesse segmento e a maioria dos governos da região talvez não tenha percebido uma grande mudança que já começou e será fundamental para a melhoria desses serviços. Novos investimentos deverão estar focados não apenas na expansão da rede física, mas sobretudo nos ganhos de eficiência, nas tecnologias digitais e na busca do melhor atendimento dos consumidores.
É o que propõe o novo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre o tema. Seu título, De Estruturas a Serviços, resume as mudanças. Seu subtítulo sugere que este é o caminho para a infraestrutura na América Latina. “A saída não é mais investimentos, mas investimentos mais qualificados”, diz o representante do BID no Brasil, Morgan Doyle.
Tradicionalmente se pensa em cimento, areia, ferro, tijolos e canos quando se fala em infraestrutura. A região, de fato, ainda carece de boas rodovias, de saneamento básico e de serviços essenciais. São serviços que exigem obras.
Mas agora se tornou necessário que os investimentos em infraestrutura não sejam balizados apenas por obras, mas também pela avaliação dos efeitos que os novos serviços produzem, pelo aumento da eficiência, pela incorporação de tecnologias digitais e pela qualidade e acessibilidade que propiciam a seus usuários.
Com investimentos menores e aumentos na eficiência da infraestrutura por meio do uso de processos digitais e outras ações, o Produto Interno Bruto da América Latina e do Caribe poderia ganhar 5,7% em dez anos, de acordo com o BID.
A tecnologia digital permitirá melhor compreensão de como as pessoas consomem eletricidade e água. A infraestrutura sustentável – com a utilização, por exemplo, de veículos movidos a eletricidade no transporte público – servirá melhor à população. Ampliação da rede de atendimento e melhora dos serviços de internet elevarão a qualidade de vida da população mais carente.
Mudanças na mesma velocidade serão exigidas nas políticas públicas, sobretudo nas medidas regulatórias, de modo a obrigar prestadores de serviços a serem eficientes, justos e sustentáveis. Só assim os serviços de infraestrutura serão melhores e mais acessíveis.
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