O Nubank anunciou na noite desta segunda-feira, 15, um lucro líquido ajustado de US$ 182,4 milhões em sua holding no primeiro trimestre de 2023, a unidade que controla os negócios no Brasil, Colômbia e México, número 18 vezes maior na comparação com o resultado do mesmo período de 2022.
Considerando só a operação no Brasil, o lucro líquido ajustado somou US$ 200 milhões, ante ganho de US$ 13 milhões há um ano, com um retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) de 43%, um dos maiores do setor bancário local.
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“O ROE deve se manter e poderia até aumentar”, comenta ao Estadão/Broadcast o fundador do Nubank, David Vélez, citando a inadimplência sob controle e a queda no custo de captação do banco digital. O executivo observa ainda que o banco digital tem eficiência operacional alta, pois não precisa ter uma estrutura com agências e ainda se beneficia do baixo custo de aquisição de cada cliente, por conta da atração de pessoas no “boca a boca”.
“Acreditamos que esse nível de rentabilidade que estamos demonstrando na operação brasileira é sustentável ao longo dos próximos trimestre e anos”, afirmou o diretor financeiro do Nubank, Guilherme Lago. Mesmo ao se considerar o retorno patrimonial sem ajuste, o indicador ainda é alto, em 37%.
“O Brasil ainda carregada nas suas costas e despesas associados a uma empresa que está investindo para o futuro”, afirma Lago, ressaltando que mesmo assim espera que o nível alto de rentabilidade se mantenha. “Não existe nada no quarto trimestre de 2022 e no primeiro período de 2023 que seja atípico a ponto de a gente achar que não vai poder replicá-los, pelo contrário”, completou.
A receita da fintech praticamente dobrou em 12 meses, para US$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre, novo recorde do banco digital. O total de clientes chegou a 80 milhões, aumento de 33% em 12 meses. No período, o Nubank adicionou 19,5 milhões de clientes — 4,5 milhões só nos três primeiros meses de 2023.
Sobre a melhora dos resultados, Lago comenta que houve uma combinação de fatores, com receita quase dobrando e o lucro bruto crescendo em 124%, para US$ 650 milhões. “A margem bruta expandiu, indo de 32% para 40%”, disse ele. A razão da melhora das margens é que a inadimplência ficou sob controle e o custo de captação caiu. Ao mesmo tempo, as despesas administrativas pouco, apenas 12%, destaca o executivo.
A taxa de inadimplência para atrasos menores que 90 dias ficou em 4,4%, ante 3,7% do mesmo período do ano passado e do quarto trimestre. Acima de 90 dias, encerrou março em 5,5%, ante 4,2% há 12 meses.
O primeiro trimestre sazonalmente tem inadimplência maior e, segundo Lago, considerando este fator, a expectativa era de indicador um pouco maior do que o que, na prática, ocorreu, considerando tendências históricas. No caso da taxa mais curta, para atrasos até 90 dias, normalmente este indicador aumenta 80 pontos-base no primeiro trimestre. A do Nubank cresceu 70 pontos, ou seja, 10 pontos abaixo da tendência histórica. O desempenho na carteira de crédito pessoal também ajudou, acrescenta o executivo.
Em tempos de liquidez escassa no mercado mundial, por conta dos juros altos, o Nubank informou ter US$ 2,4 bilhões em excesso no seu caixa.
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