O número de pessoas que usam apenas bancos tradicionais registrou queda no primeiro trimestre de 2023, segundo pesquisa da consultoria Bain & Company obtida com exclusividade pelo Estadão. Atualmente, apenas 15% da população se mantém nestas instituições — uma redução quando comparada com o primeiro trimestre de 2021, quando essa fatia era de 37%.
Embora o dado demonstre uma ascensão dos digitais em todas as camadas da população, com 20% da população usando apenas instituições digitais em 2023, o cenário mais comum entre os brasileiros é o uso das duas modalidades em conjunto.
Atualmente, 66% dos brasileiros optam pelos bancos tradicionais e digitais como ferramentas complementares, destacando que, mesmo com o avanço das plataformas financeiras, a população mantém as suas contas em instituições conhecidas de mercado por considerá-las mais “seguras”.
O uso das duas modalidades de banco se tornou uma tendência até mesmo entre o público mais idoso. Os brasileiros acima dos 50 anos são os que mais buscaram por outras instituições financeiras, com um crescimento de 19% de procura por instituições digitais no primeiro semestre deste ano.
Houve também um crescimento na procura por bancos digitais entre os brasileiros de 31 a 50 anos no primeiro semestre deste ano, com 11% do público buscando por “novos relacionamentos bancários”.
A pesquisa destaca também que, quanto maior a renda do consumidor, mais diversificado é o rol de instituições financeiras com as quais ele tem relacionamento. Enquanto indivíduos inseridos nas faixas mais baixas atuam com uma média 3,8 bancos, na mais alta esse número passa para 5,2, segundo o levantamento.
Busca por crédito foi motivador
Para o sócio da consultoria Bain, Silvio Marote, esse aumento da busca pelos digitais demonstra a ascensão crescente dos bancos digitais e fintechs na vida financeira dos brasileiros.
Para ele, o aumento durante os últimos anos foi impulsionado pela pandemia e pela busca por crédito, acelerando uma tendência natural para o setor. “Já havia um movimento no Brasil de estímulo a mais players no setor financeiro. A situação da pandemia acelerou uma tendência que já existia”, afirma Marote.
O especialista destaca que, com a criação de novos bancos e a possibilidade de adquirir novos cartões, é natural que a população busque outros meios e adquira novos cartões, enxergando as instituições digitais como uma alternativa para ter acesso a crédito.
Ele afirma que o cartão de crédito sempre foi um dos principais produtos financeiros dos bancos e que não seria diferente com a ascensão dos digitais. Marote, no entanto, lembra que essa ação pode ser um risco, considerando que a chance de endividamento cresce, principalmente em um país como o Brasil, que não costuma desenvolver técnicas de educação financeira na população geral.
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