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Obras com restauro e alta tecnologia trazem novos palcos de música e jogos

Cultura Artística e Arena MRV são premiados, respectivamente, como empreendimentos cultural e comercial

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Por Débora Ribeiro
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADÃO - Arte, cultura e futebol dividem o palco na premiação dos 30 anos do Master Imobiliário. Na capital mineira, uma arena tecnológica foi erguida para sediar o futebol e outros espetáculos. Em São Paulo, ressurge um ícone da cultura e da arquitetura modernista dos anos 1950.

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Neste mês de agosto, a capital paulista ganhou de volta um dos templos culturais mais importantes de sua história. O Teatro Cultura Artística foi reinaugurado, após uma obra cuidadosa de reconstrução e restauro, que se iniciou em 2018, dez anos após um incêndio ter destruído a edificação quase por completo. A HTB Engenharia, responsável por esse trabalho, leva o prêmio Cultural na categoria Empreendimento na 30.ª edição do Master.

Em agosto de 2008, um incêndio tirou de cena o Cultura Artística, inaugurado na década de 1950, na Rua Nestor Pestana, região central. As duas salas de espetáculo foram completamente destruídas, assim como equipamentos, estrutura e administração. As chamas não chegaram aos arquivos históricos, foyers e nem ao exuberante painel de Di Cavalcanti na fachada, “Alegoria das Artes”, o maior do artista.

Em 2018, a Sociedade Cultura Artística, que controla o teatro, deu início à reconstrução e ao restauro, contratando a HTB, especializada em retrofit e construções complexas.

O projeto atende aos padrões contemporâneos de funcionalidade e segurança, porém mantém a integridade arquitetônica do prédio original, um exemplo da arquitetura modernista brasileira de meados do século 20.

Maior auditório do Teatro Cultura Artística, em São Paulo, recebe acústica de ponta.  Foto: Renato Stockler

Foram chamados profissionais de renome da arquitetura, do restauro e das artes plásticas para uma ação precisa em cada detalhe, para o Cultura Artística renascer na sua missão original: um local de apresentações de música. Isso exigiu um trabalho especial de isolamento acústico, item destacado pelo júri do Master. A artista plástica Sandra Cito criou uma instalação tridimensional para essa acústica, com 450 peças de gesso e curvas que chegam até 4 metros. Placas de aço atrás das paredes isolam o som. A sala maior, para espetáculos de médio porte, tem 770 lugares, palco para 80 músicos e um coro para 45 cantores. A sala menor, para 150 pessoas, é de uso múltiplo.

Outras 11 salas podem ser usadas para ensaios, cursos e palestras, para difusão e formação musical. Há ainda a Biblioteca Musical, com o acervo tombado pela Sociedade Cultura Artística. No térreo, uma livraria e um café ficarão abertos durante todo o dia, para manter o quarteirão vivo. O caixilho de 4 andares, com vista para a Praça Roosevelt, reforça essa integração.

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“Coube à HTB aprimorar os estudos dos profissionais e detalhar a execução com muitas interfaces para que o desejo do cliente se tornasse possível”, afirma Detlef Dralle, diretor presidente da HTB.

A restauração exigiu a busca de materiais capazes de reproduzir os acabamentos desgastados ou destruídos. Na parte externa, por exemplo, foi preciso encontrar pastilhas de vidrotil como as usadas por Di Cavalcanti que, à época da construção, usou mais de 1,2 milhão dessas peças. “O painel foi uma preocupação constante durante a construção”, diz Dralle.

O prédio recebeu todas as medidas relativas à segurança contra incêndios, segundo a construtora, e tem a certificação LEED Gold, com os sistemas projetados para baixo consumo de energia e água, além de 220 placas fotovoltaicas.

Minas

A Arena MRV, estádio do clube Atlético Mineiro, em Belo Horizonte (MG), rendeu à sua executora, a Racional Engenharia, a premiação Comercial na categoria Empreendimento nesta edição do Master Imobiliário.

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Inaugurada em agosto de 2023, é considerada a arena mais tecnológica da América Latina e o décimo maior estádio do Brasil, com capacidade para até 46 mil pessoas. Tem forma de caldeirão e a distância das cadeiras ao campo não passa de 8,5 metros.

“O desejo da Arena MRV e do Atlético Mineiro era que o estádio tivesse uma atmosfera que intimidasse os adversários e com o maior conforto possível ao usuário”, revela André Simões, diretor presidente da Racional.

São 179 mil m² de área construída, 2.334 vagas de estacionamento e 42 bares e lanchonetes. A tecnologia aplicada inclui dois mega telões de 144 m² cada, de alta resolução, iluminação cênica do campo e da fachada, Ring LEDs ao redor do estádio e sistemas de alta densidade de internet e telefonia móvel para todos os usuários.

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Soma-se a tudo isso 229 câmeras de monitoramento, 163 catracas com reconhecimento facial e 21 elevadores com monitoramento em tempo real. “Buscamos as soluções mais avançadas de outras arenas ao redor do mundo”, afirma o diretor.

Arena MRV, erguida em Belo Horizonte, é considerada a arena mais tecnológica da América Latina.  Foto: MRV/Divulgação

Cobertura e fachada da arena foram arquitetadas para marcar a identidade do clube e reduzir o som no entorno durante os eventos. São camadas de telhas metálicas, conformadas uma a uma, e materiais isolantes que absorvem o impacto sonoro.

O júri do Master destaca a magnitude da obra e sua execução em prazo desafiador. Foram pouco mais de três anos até a inauguração, em agosto de 2023. “O licenciamento demorou mais do que o previsto, e a execução da obra precisou compensar esse atraso”, explica Simões. Assim, a opção foi pelo sistema de construção industrializada. “Ele oferece diversas vantagens, especialmente em projetos de grande escala”, diz.

Para que o movimento das torcidas nos jogos de futebol ou das plateias dos shows não abale a estrutura do estádio, utilizou-se estrutura metálica conectada com pilares e lajes em concreto pré-moldado.

Outro desafio foi movimentar toneladas de solo mole e canalizar o córrego existente sob o campo de jogo, base para as etapas seguintes. A Arena MRV teve também 26 mil m² de área de Mata Atlântica preservada.

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