Ocyan, do setor de óleo e gás, separa área de perfuração e prevê elevar frota de sondas

Companhia de equipamentos e serviços offshore, ex-Odebrecht Óleo e Gás, vem se reestruturando por meio de um processo de recuperação extrajudicial

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RIO - A empresa de equipamentos e serviços offshore para óleo e gás Ocyan, antiga Odebrecht Óleo e Gás, concretizou esta semana, no Brasil, a separação do negócio de perfuração em uma nova empresa, ainda sem nome, para a qual serão transferidas suas cinco sondas. O objetivo era reduzir a dívida financeira da unidade de perfuração, que deve cair mais de 85%. O negócio de operação de plataformas, construção submarina, manutenção e serviços offshore permanece integralmente com a Ocyan, e outros negócios serão adicionados.

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A reestruturação aconteceu por meio de uma recuperação extrajudicial, quando os credores propõem ou concordam com o processo já de partida. O procedimento foi protocolado em 12 de dezembro no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e finalmente homologado na semana passada. Agora, a operação será reproduzida na Justiça Americana, com prazo de conclusão de 45 dias. O plano será apresentado na corte de Nova York sob o regime do “Chapter 15″ do U.S. Bankruptcy Code, para o reconhecimento dos efeitos nos EUA. A nova empresa, ainda sem nome definido, tem sido chamada genericamente de DrillCo e foi criada em Luxemburgo.

“De meados para o fim de maio, teremos todas as aprovações para tocar a operação e a drilling deve começar a funcionar no segundo semestre, como empresa independente e balanço novo”, diz o presidente da Ocyan, Roberto Prisco Paraíso Ramos.

Dívida financeira

O rearranjo vem para equacionar a dívida financeira da unidade de perfuração, que vai cair de US$ 2,6 bilhões para US$ 300 milhões. À época do anúncio da reestruturação, a Ocyan informou que os credores vão converter a dívida em capital e aportar mais US$ 197 milhões para novos investimentos e demais desembolsos com a operação. A Ocyan vai contribuir com parte do corpo executivo e técnico.


Sonda Norbe VIII, uma das cinco da nova empresa Foto: Vantoen P JR


“Os detentores da dívida são fundos de investimento que compraram os títulos em meados de 2010 para financiar a construção das sondas. Esses títulos vão ser transformados em capital e a nova empresa vai ter um nível de endividamento muito baixo. Estávamos pagando uma montanha de dinheiro com juros, que a gente pode pagar como dividendo”, detalha Ramos.

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Segundo o executivo, a redução da dívida vai abrir espaço para investimentos que, em um primeiro momento, devem servir para a compra de “pelo menos” uma nova sonda, a sexta da empresa.

“A drilling nasce com a ambição de comprar ao menos uma sonda nova. O endividamento baixo vai dar capacidade de crédito, e vamos começar o processo de modernização da frota”, diz. Ele explica que nos últimos anos houve um volume muito grande de encomendas de sondas no Brasil e, que acabaram represadas em estaleiro. “São sondas mais modernas, que estão paradas nos estaleiros. Há oportunidade de comprar essas sondas a custo mais baixo de reposição e a drilling certamente estará pensando nisso”, afirmou.

O quadro de acionistas da nova empresa será formado pelos detentores de títulos da dívida lastreada nos ativos de perfuração, além da Ocyan, e do corpo executivo da nova companhia. Os novos sócios são fundos de investimento e investidores naturais de Luxemburgo. Eles vão integralizar a maior parte do capital necessário à operação.

Segundo Ramos, a empresa brasileira ficará com menos de 10% do capital do novo negócio, mas vai manter um assento no Conselho de Administração, formado por sete integrantes. “Assim preservamos participação nos rumos da nova empresa”, diz Ramos. No Conselho, além da Ocyan, quatro cadeiras ficarão com os fundos de investimento e as outras duas com cidadãos de Luxemburgo, a fim de respeitar a legislação daquele país.

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