A dívida pública global alcançou um recorde de US$ 97 trilhões no ano passado, segundo informação divulgada pela ONU nesta terça-feira, 4. Um terço desse valor é de passivos de países em desenvolvimento, que, consequentemente, ficam com menor capacidade de pagar gastos públicos em áreas como saúde, educação e ações climáticas.
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) informou que as dívidas dos governos aumentaram em US$ 5,6 trilhões em um ano. O relatório Um Mundo de Dívida (A World of Debt, no título original), feito pela ONU, diz que os altos valores de juros estão superando o crescimento dos gastos públicos essenciais.
“Os países em desenvolvimento não devem ser forçados a escolher entre honrar suas dívidas ou servir seu povo”, disse o relatório. “A arquitetura financeira internacional deve mudar para garantir um futuro próspero tanto para as pessoas quanto para o planeta.”
Segundo o estudo, nos países em desenvolvimento, onde vivem 3,3 bilhões de pessoas, uma em cada três nações gastam mais com o pagamento de juros do que com programas em “áreas críticas para o desenvolvimento humano”.
A dívida pública desses países chegou a US$ 29 trilhões, que corresponde a cerca de 30% do passivo mundial, no ano passado. Em 2010, as pendências financeiras desse grupo representavam 16% em relação ao montante total.
A ONU atribui o rápido aumento da dívida pública mundial a “crises em cascata” e ao desempenho lento e desigual da economia global. O endividamento está crescendo duas vezes mais rápido em países em desenvolvimentos do que nas nações mais ricas.
Os Estados Unidos lideram o ranking mundial com mais de US$ 33 trilhões em dívida pública em 2023. A China e o Japão aparecem na sequência com cerca de US$ 15 trilhões e US$ 10,6 trilhões, respectivamente.
O Brasil (US$ 1,8 trilhão), México (US$ 950 bilhões) e Egito (US$ 378 bilhões) se juntaram à China no grupo dos países em desenvolvimento com maiores pendências financeiras. A dívida pública média como porcentagem da produção econômica no continente africano aumentou 62% devido aos conflitos no mundo.
Pedido de ajuda
No mês passado, os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Quênia, William Ruto, pediram às economias mundiais que reduzissem o enorme fardo da dívida sobre os países em desenvolvimento. Os líderes sugeriram a redução das barreiras de financiamento e a coordenação do alívio das dívidas por meio de instituições financeiras multilaterais.
Com a alta de custo dos empréstimos em diversos países, os juros sobre a dívida pública aumentaram para US$ 847 bilhões no ano passado, representando um crescimento de 26% em um período de dois anos.
Um projeto de lei de financiamento governamental de US$ 1,2 trilhão, aprovado pelo Congresso americano, permite que os EUA emprestem até US$ 21 bilhões para uma poupança fiduciária do Fundo Monetário Internacional (FMI), que fornece empréstimos sem juros para apoiar países de baixa renda.
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“Muitas nações são forçadas a fazer uma escolha entre desenvolvimento e dívida, entre investir em seu povo e pagar seus credores”, disse Biden.
A União Africana, que passou a ser integrante do G20, em 2023, também tem se manifestado sobre a questão. Com a África do Sul assumindo a presidência do fórum, o grupo africano acredita que terá ”uma oportunidade para defender as aspirações dos mercados emergentes”./AP
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