BRASÍLIA - A pandemia do novo coronavírus levou ao fechamento de 331.901 vagas com carteira assinada em maio, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta segunda-feira, 29, pelo Ministério da Economia. Desde março – quando foi registrado o primeiro caso da doença no País, e governadores e prefeitos determinaram o isolamento social para tentar conter os índices de contaminação –, foram perdidos 1,487 milhão de postos de trabalho.
Foi o pior resultado para o mês de maio desde o início da pesquisa, em 2010. Em relação a abril (saldo negativo de 902.841 vagas), porém, foi registrado uma desaceleração no número de vagas fechadas.
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“Claro que não podemos comemorar nenhum emprego perdido, mas há clara reação do mercado de trabalho e da economia em maio, fruto de reaberturas em alguns setores”, afirmou o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco.
No acumulado do ano, o saldo do Caged foi negativo em 1,144 milhão de vagas, também o pior desempenho da história. “É o maior número da história porque essa é a pior crise da história”, completou o secretário de Trabalho, Bruno Dalcolmo.
O resultado de maio decorre de 703.921 admissões e de 1,035 milhão de demissões. Todos os setores registraram desempenho melhor do que em abril. O fechamento de vagas formais foi puxado pelo setor de serviços, que eliminou 143.479 postos (ante 380.939 em abril) . Em seguida, vem a indústria, com o fechamento de 96.912 vagas (203.506 em abril).
Já o comércio registrou resultado negativo de 88.739 postos (242.746 em abril). Também teve saldo negativo no mês a construção civil, 18.758 vagas (70.048 um mês antes). Apenas o grupo agricultura/pecuária registrou saldo positivo, em 18.758 vagas (5.583 antes).
'Fundo do poço'
“A avaliação preliminar é a de que o fundo do poço foi em abril. Não que maio tenha melhorado, mas é que, entre a decisão de se demitir e a efetivação da demissão, tem uma defasagem de tempo. A gente acha que na medida em que as regras de isolamento forem sendo abertas, se não ocorrer nenhum imprevisto, julho e agosto deverão mostrar resultados ligeiramente positivos no mercado de trabalho”, avalia o economista-chefe da Pezco Eononomics, Hélcio Takeda.
O resultado negativo na criação de empregos é explicado por queda de 48% nas admissões do mês e recuo de 21% nos desligamentos, na comparação com maio de 2019. Em relação a abril, as admissões subiram 14% e os desligamentos recuaram 32%. “O maior problema no momento é a redução de admissões, não os desligamentos. Mas começamos a ver reação nas contratações em maio”, completou Bianco.
Os 26 Estados do País registraram resultado negativo e apenas um, o Acre, teve saldo positivo, de 130 postos. Os piores desempenhos foram em São Paulo (-103.985), Rio de Janeiro (-35.959), Minas Gerais (-33.695 postos) e Rio Grande do Sul (-32.106 postos).
O salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada caiu de R$ 1.810,08, em abril, para R$ 1.731,33 em maio./COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS