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Pandemia já muda projetos de incorporadoras

Mesmo com atuação em faixas de mercado diferentes, Trisul e Cury reconfiguram apartamentos e áreas comuns

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Por Eliane Sobral
Atualização:

Os efeitos da pandemia do novo coronavírus estão levando incorporadoras a repensar seus projetos. A Trisul já está fazendo adaptações para se ajustar às mudanças de hábitos e necessidades dos compradores. A configuração em apartamentos com três dormitórios e uma suíte, por exemplo, deve mudar para três suítes. E o banheiro de empregada volta com força total, segundo o presidente executivo da Trisul, Jorge Cury.

Alto padrão. Oscar Ibirapuera, da Trisul, tem piscina com borda infinita. Foto: Perspectiva/Trisu

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Uma novidade importante em tempos de pandemia é um espaço planejado para retirar os sapatos antes de entrar na casa. O ambiente para escritório, antes opcional, agora se torna obrigatório, em consequência da disseminação do home office. “Certamente, agora tem um grande peso na escolha de um imóvel”, afirma o empresário. 

Nos planos da empresa, 10ª colocada no ranking de Incorporadoras e Construtoras do Top Imobiliário, na área comum haverá vestiários para que os empregados do condomínio possam tomar banho e trocar de roupas, antes de iniciar o trabalho. “E ainda criamos áreas específicas para receber encomendas, pois o delivery deixou de ser só de alimentação e passou a atender a uma gama extensa e variada de produtos”, diz.

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A Cury Construtora e Incorporadora, que tem 80% de seus empreendimentos voltados ao público do programa Minha Casa Minha Vida, planeja novas configurações nas áreas comuns – até por causa do espaço reduzido das áreas privativas dos apartamentos. 

De acordo com Leonardo Mesquita, vice-presidente comercial da construtora e incorporadora, onde antes havia salões de festa, haverá pequenos estúdios com infraestrutura para ser usado como home office depois da pandemia. 

“Adotamos uma configuração que permite privacidade e que tem boa infraestrutura de internet para que nossos clientes tenham um local apropriado para reuniões de trabalho”, descreve Mesquita. 

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Outra novidade que a empresa pretende implementar em seus empreendimentos é a instalação de minimercados com autoatendimento para que os moradores não precisem se deslocar para fazer suas compras. “Já estamos em contato com algumas redes de supermercados para viabilizar o projeto”, diz o vice-presidente da Cury, 8.ª colocada no ranking Construtoras e 9.ª no Incorporadoras.

Em 2019, a Cury lançou nove empreendimentos com 3.390 unidades em 244 mil metros quadrados de área construída e com R$ 645,2 milhões em valor global de vendas líquido (VGVL), de acordo com os dados da Embraesp.

Recuperação

Em relação ao impacto da pandemia nos negócios, Trisul e Cury dizem que os meses de março e abril foram preocupantes, com a paralisação quase total dos negócios. Mas contam que se surpreenderam com a reação das vendas nos meses de maio e junho.

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Na contabilidade da Trisul, as vendas líquidas do segundo trimestre totalizaram R$ 174 milhões, alta de 30% ante igual período de 2019, segundo Cury. Ele acredita que o pior já passou para os empreendimentos residenciais. “Diria que somos a versão em concreto e aço do agronegócio, que é o único setor no Brasil que desconhece a crise”, afirma o presidente executivo da Trisul. 

“Estamos otimistas e o nosso guidance continua valendo para os lançamentos e vendas programados para este ano, entre R$ 1 bilhão e R$ 1,2 bilhão”, afirma Cury. Segundo ele, a taxa básica de juros da economia brasileira, que está no menor patamar da história, fez com que muitos investidores migrassem do mercado financeiro para o imobiliário. 

Para Cury, da Trisul, o fato de a empresa ter um bom estoque de terrenos em áreas nobres, adquiridos na baixa de preços de 2014 a 2017, e oferecer imóveis de acordo com o que o cliente demanda contribuiu para que a Trisul se saísse bem numa conjuntura econômica adversa.

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No caso da Cury, Mesquita afirma que a comercialização subiu cerca de 10%, na comparação com os mesmos meses do ano passado. Ele acredita que o primeiro efeito do pânico trazido pela pandemia foi alterar a lista de prioridades do consumidor. “Em geral, nosso cliente divide a casa com outros familiares, pais, sogros. São trabalhadores que passavam o dia fora e, de uma hora para a outra, se viram trancados em uma casa com todos os inconvenientes que essa situação traz.”

Segundo Mesquita, apesar do medo do desemprego, o cliente da Cury já está acostumado a viver na pressão de ter de desembolsar o valor do aluguel e quem entra no programa Minha Casa Minha Vida, só começa a pagar as parcelas do financiamento após a entrega das chaves.

Digital

Se antes da chegada da pandemia o comprador de imóveis ainda relutava em lançar mão da tecnologia para viabilizar a transação, ou mesmo para conhecer o produto, agora 90% das visitas aos empreendimentos são virtuais e o fechamento dos negócios é feito de forma digital. “Antes, o cliente queria ir ao escritório e assinar folha por folha dos contratos”, diz Mesquita, da Cury.

Segundo ele, nos últimos quatro anos, a empresa investiu algo próximo a R$ 5 milhões em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. “O que mudou é que tivemos de acelerar o passo”, acrescenta. 

A Trisul informou que também intensificou os investimentos que já vinha fazendo em tecnologia. 

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