Em um ataque indireto ao ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a dizer que o teto de gastos foi mal construído e disse que “o cara que fez o teto” agora defende que se fure a regra. Guedes participou de evento da Fucape Business School, em Vitória (ES).
“É até engraçado, eu estou vendo hoje o cara que fez o teto, o teto foi tão mal construído que o cara está chegando agora e dizendo que vai furar o teto. Passou três anos xingando a gente, que a gente estava furando o teto. Aí, acabou de declarar hoje que vai ter de furar o teto. Que coisa, hein, fura-teto. Bem-vindo, fura-teto”, disse.
A fala do ministro faz referência a Meirelles, que patrocinou a criação da regra na época em que era ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB). Hoje, o economista – que apoia o ex-presidente Lula (PT) nas eleições e vem sendo cotado para o cargo de ministro da Fazenda – publicou no Twitter que é favorável à flexibilização do teto no próximo ano, sobretudo para permitir despesas importantes na área social e para ampliar os investimentos.
Mais cedo, em evento com empresários em Belo Horizonte, Guedes já havia disparado duras críticas ao ex-ministro, dizendo que ele “nem economista é”. “Quando eu não quero deixar o governo crescer eu não posso porque furo o teto, um teto mal construído. É tão mal construído que o economista... nem é economista, aí que estão falando que vai ser o ministro do Lula, o Meirelles, nem economista é. Então ele fez um teto, passou aí um, dois anos falando que furaram com meu teto... ele fala empolado, né? Já anunciou que vai entrar furando, que já vai entrar furando. Por quê? Porque é um teto muito mal construído”, disse Guedes.
No evento em Vitória, Guedes também atacou o economista Persio Arida, um dos criadores do Plano Real, que também manifestou apoio a Lula neste segundo turno. “Ele atira dez e uma, acerta, que foi o real”, afirmou, durante evento da Fucape Business School, em Vitória (ES).
Durante a fala, Guedes criticava estudos feitos por economistas próximos ao PT. O ministro ainda afirmou que Arida “fez congelamento de preços, aconselhou para sequestro de ativos financeiros” e que ele “tentou dolarizar o Brasil”.
O ministro ainda repetiu que o País sempre teve “altivez e desempenho” no cenário externo, mas é alvo de fake news. Ele disse que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de “fake news, ataques e sabotagens”, mas conseguiu aprovar reformas./ Colaborou Francisco Carlos de Assis
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.