BRASÍLIA - Em plena campanha eleitoral, um grupo de 27 pesquisadores faz nesta quinta-feira, 15, em Brasília, o lançamento do livro “Retomada do Desenvolvimento” com propostas para um modelo de crescimento com inclusão social.
Esse é um dos temas mais citados na campanha eleitoral deste ano, mas pouco debatido com profundidade pelos presidenciáveis e candidatos a governadores, deputados e senadores.
Publicado pela Fundação Astrojildo Pereira, o livro contém 25 ensaios organizados pelos economistas Benito Salomão, da Gladius Research, e José Luís Oreiro, da Universidade de Brasília.
A publicação partiu da ideia de criar um material amplo e plural de diferentes pensamentos para subsidiar, de forma independente de partido ou ideologia, as propostas de governo em ano eleitoral. “Temos economistas das mais variadas vertentes teóricas e ideológicas”, diz Salomão, duas vezes vencedor do Prêmio Brasil de Economia (2018 e 2020).
Segundo ele, livros de ensaios na maioria das vezes são feitos por pesquisadores do mesmo grupo de pensamento, como, por exemplo, desenvolvimentistas ou liberais. “Dificilmente tem gente dos dois grupos conversando. Por que não fazer?”, conta o economista. O livro mistura também pesquisadores mais velhos e da nova geração.
Logo na apresentação, os organizadores destacam a importância da busca da pluralidade no cenário atual de acumulo nos últimos dez anos de inúmeras crises e perda de aspirações de voltar a ser um país desenvolvido. “Via de regra, os livros de ensaios organizados a fim de sugerir alguma agenda econômica são de iniciativas de grupos de estudo ou clubes acadêmicos, muitos já conhecidos da opinião pública e que têm pouca abertura para incorporar ideias divergentes”, destaca apresentação. Entre os ensaístas, além de economistas, estão também cientistas políticos, juristas e engenheiros.
O lançamento será feito às 18h, na Biblioteca Salomão Malina, com um debate presencial dos dois organizadores com a diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Vilma Pinto, o ex-secretário da Receita, Everardo Maciel, e o ex-senador e educador da Universidade de Brasília, Cristovam Buarque.
Debate econômico ‘empobrecido’
Segundo Salomão, já se imaginava que o debate público ia ser empobrecido na campanha eleitoral. “Isso é o que tem acontecido. Está extremamente esvaziado. Os candidatos estão muito engessados”, avalia ele, que escreve sobre a coordenação de política fiscal e monetária num capítulo dedicado à política fiscal, também com artigos das economistas Vilma Pinto e Julia Braga, da Faculdade Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Um dos pontos reforçados no livro é de que, após praticamente uma década perdida, em que a economia brasileira apresentou, em 2020, um PIB per capita inferior ao que tinha em 2010, o país chegou a 2022 com duas missões não triviais: reafirmar sua democracia restabelecendo uma convivência sadia entre as instituições que governam o país e restabelecer as bases mínimas para o crescimento sustentado nesta década em curso e na próxima.
Com as propostas, o tom é mais otimista numa tentativa de resgatar o debate mais intenso que acontecia no País em torno do crescimento em substituição da discussão de crise.
O professor Antonio Corrêa de Lacerda, coordenador do programa de pós-graduação em economia política da PUC-São Paulo, e presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), escreve sobre propostas para a reversão do processo de desindustrialização em curso, que ele diz ser viável.
Sergio Vale, economista-chefe e sócio da MB Associados, escreve sobre os princípios básicos para o crescimento da produtividade no Brasil. Em parceria, Leandro Pinheiro Safatle e Carlos Grabois Gadelha apontam os caminhos para para regulação e acesso a tecnologias no setor de saúde no Brasil. Os dois são pesquisadores da Fiocruz.
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