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Gleisi diz que Campos Neto ‘beneficia rentismo’ com juros; Rui Costa fala em ‘insensibilidade’ do BC

Decisão do Copom de manter Selic em 13,75% foi seguida de ataques de integrantes do governo Lula e de petistas

Foto do author Giordanna Neves
Atualização:

SALVADOR e BRASÍLIA - Logo após a divulgação do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) pelo Banco Central (BC), nesta quarta-feira, 22, membros do governo Lula e parlamentares do PT vieram a público criticar a manutenção da Selic em 13,75% ao ano. As críticas se concentraram na figura do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, reagiu à decisão em publicação no Twitter. “Roberto Campos, explica: como empresários podem captar recursos com os maiores juros do mundo? Como investir se o dinheiro aplicado rende 8% reais? Você não entendeu seu compromisso com o Brasil? Seus juros só beneficiam rentismo e quem não produz. Sua política monetária já foi derrotada”, escreveu.

Gleisi Hoffmann durante a festa do 43° aniversário do PT, em Brasília. Nesta quarta, a deputada voltou a criticar Campos Neto por conta do patamar da taxa Selic Foto: Wilton Junior/Estadão - 13/02/2023

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O ministro da Casa Civil, Rui Costa, chamou de “insensibilidade” e disse que “não tem razão que explique” a decisão do Copom. “O que o povo brasileiro, os empresários, a indústria e todos desejam é a redução da taxa de juros. Não dá para compreender essa decisão do Banco Central de manter a taxa de juros em 13,75%, já que este percentual foi adotado quando a inflação chegou no patamar de 10%. Hoje a inflação já caiu à metade, que é 5%”, criticou o ministro.

Costa ressaltou que a manutenção da atual taxa básica de juros atinge a população mais pobre do País. “Com essa taxa de juros, empresários não conseguem investir e o País não gera empregos. A população perde muito e quanto mais pobre, maior o prejuízo. Esta insensibilidade do Banco Central só aumenta o desemprego e o sofrimento do povo brasileiro. Não dá para compreender.”

Segundo ele, não tem “país no mundo que pratique juros tão altos como o Brasil”. “Não tem razão econômica que explique essa decisão”, afirmou. Pela manhã, o ministro já havia dito que Campos Neto prestava um “desserviço” ao Brasil por manter a Selic alta e que o governo tem uma reação ensaiada caso o Copom resista a reduzir a Selic.

O presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, deputado federal Paulo Guedes (PT-MG), também questionou a decisão. “A justificativa é a insegurança econômica que o mundo atravessa, mas se esqueceram que com juros altos o Brasil não cresce”, escreveu em suas redes sociais.

Já o secretário de Comunicação do partido, Jilmar Tatto, disse que Campos Neto “lidera um processo de quebradeira” de empresas brasileiras. Ao Estadão/Broadcast , Tatto disse que é preciso personificar as críticas ao elevado patamar da taxa de juros na figura do presidente, porque ele que comanda a autoridade monetária.

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“Ele lidera um processo de quebradeira das empresas. Não adianta falar só Banco Central, parece que não existe carne osso, não existe gente. Têm pessoas que estão pensando e agindo em favor dos banqueiros, dos rentistas, e ele personifica hoje. Os verdadeiros não aparecem, que são os bancos”, disse. “Tem que ser dada visibilidade, o povo precisa saber quem é responsável pela instituição para quando ele entrar no restaurante saber que é ele que está quebrando empresas no Brasil”, completou.

O secretário negou que exista um jogo combinado entre filiados do partido para criticar Campos Neto. Ele ressaltou que a estratégia tem efeito político de constrangimento. “Tem que ser constrangimento permanente em relação à figura dele. Acho que é o jeito de forçar para que eles realmente mudem de comportamento”, defendeu.

Alvo

Campos Neto se tornou alvo de críticas reiteradas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, que iniciaram uma investida contra o banco para forçar a queda da taxa básica de juros.

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Em entrevista ontem à TV 247, o presidente da República disse que vai “continuar batendo” no BC para que “a gente possa reduzir a taxa de juros, para que a economia possa ter investimento”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como “muito preocupante” a manutenção da taxa de juros. “Eu considerei o comunicado do Copom preocupante. Muito preocupante, porque hoje nós divulgamos o Relatório Bimestral da Lei de Responsabilidade Fiscal, mostrando que as nossas projeções de janeiro estão se confirmando sobre as contas públicas, e o comunicado deixa em aberto, no momento em que a economia está retraindo e que o crédito, sobretudo para empresas e famílias, está com problema. O Copom chega a sinalizar até a possibilidade de uma subida da taxa de juros, que já é hoje a mais alta do mundo”, disse Haddad.

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