‘Petrobras sofreu ataques da elite política e econômica e resistiu a desmonte’, diz Lula

Em cerimônia de posse de Magda Chambriard, presidente afirma que nova gestão ‘não tem medo de desafios’; nova presidente da companhia afirma ter recebido missão para movimentar Petrobras e, assim, impulsionar PIB

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Atualização:

BRASÍLIA E RIO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quarta-feira, 19, que a Petrobras sofreu “ataques” de grupos econômicos e avaliou que empresa tem resistido mesmo “com tentativas de desmonte do patrimônio”. O presidente acompanha a cerimônia de posse da presidente da companhia, Magda Chambriard, no Rio de Janeiro.

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“A Petrobras sofreu ataques da elite política e econômica do País, sem compromisso de melhoria de vida do povo”, declarou.

Lula alegou que houve direcionamento da Operação Lava Jato na tentativa de privatização da Petrobras. Ele avaliou que um dos objetivos seria “destruir” a imagem da empresa. “A Operação Lava Jato mirava, na verdade, o desmonte e a privatização da Petrobras. Se o objetivo fosse de fato combater a corrupção, deixaria intacto o patrimônio do povo”, afirmou.

Governistas criticam o processo de investigação pela Operação Lava Jato sobre esquema de corrupção ligado à Petrobras, com o argumento de que a forma como a operação como feita teria custado caro à economia e teria contribuído para o aumento do desemprego.

Lula participa de cerimônia de posse de Magda Chambriard, no Rio Foto: Ricardo Stuckert / Presidência da República

“A farsa que sustentou a Lava Jato foi desmontada e, aqui, estamos de volta. O que estava por trás da Lava Jato era entregar patrimônio a petrolíferas estrangeiras”, disse Lula. “Se a Lava Jato queria combater a corrupção, que se punisse os corruptos e deixasse intacto patrimônio do País”, declarou. Ele também afirmou já ter chorado muitas vezes ao ver os “camisas amarelas da Petrobras” serem “chamados de corruptos”.

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Para Lula, a estatal, na nova gestão, não tem “medo de desafios”, em referência ao plano estratégico de investimentos da empresa. O plano referente ao período de 2024 a 2028 tem previsão de investimentos na casa de US$ 102 bilhões.

O presidente afirmou que Petrobras é uma das fontes de receitas para o governo, no momento em que a equipe econômica trabalha para recomposição da base fiscal e aumento da arrecadação, e defendeu que ela seja lucrativa. “Quanto mais Petrobras for lucrativa, mais imposto vai pagar e mais (o ministro Fernando Haddad) vai ficar feliz”, disse. “Ninguém quer que a Petrobras perca dinheiro, quero que seja uma empresa lucrativa”, acrescentou.

Lula avaliou também que a descarbonização da economia não será motivo para a perda de relevância da Petrobras, que, na avaliação dele, é uma “empresa de energia”. O portfólio de investimentos da estatal tem focado também em fontes renováveis, uma defesa da gestão do atual governo.

“Os que quiseram destruir a Petrobras jamais conseguiram”, declarou Lula, que também falou do papel da empresa na cadeia de produção de combustíveis e em setores como fertilizantes. “Interromper investimento em gás natural e fertilizantes foi um dos grandes retrocessos do País”, afirmou. “A Petrobras pode ajudar o País a enfrentar a guerra entre Rússia e Ucrânia”, disse.

O presidente depositou parte do êxito do Brasil à Petrobras, durante seu discurso. Segundo ele, se a empresa der certo, o País também dará certo. “Para mim, tem uma certeza na minha cabeça: se a Petrobras der certo, o Brasil dá certo; se a Petrobras der errado, significa que o Brasil também vai dar errado”, disse. “Eu torço, luto e morro para que o Brasil dê certo.”

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No discurso, Lula elogiou a nova presidente da empresa. Em sua avaliação, Chambriard tem a competência e todas as credenciais para tocar os desafios da companhia. Segundo o petista, a estatal merece a oportunidade de ser comandada por mulheres.

Sem ‘confusão’

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse durante a cerimônia de posse na empresa que Lula lhe deu a missão de movimentar a estatal por ela ser capaz de impulsionar o PIB nacional. Segundo ela, em contato com Lula, quando do convite para assumir o cargo, o presidente disse que “não queria confusão na empresa”.

“Aproveito a oportunidade para contar a encomenda que me foi dada pelo presidente. A missão dada pelo presidente foi a de movimentar a Petrobras, porque ela impulsiona o PIB do País. Ele me pediu para gerir a Petrobras com respeito à sociedade brasileira”, disse.

“Ele (Lula) me disse que tem grande carinho pela Petrobras, que a sociedade brasileira ama a Petrobras, e que não quer confusão nessa empresa”, continuou.

Após longa nominata, em que citou ministros, políticos e executivos da empresa e do setor presentes, Magda se disse honrada em assumir a Petrobras, e rendeu homenagens a Lula. Ela disse que a sensação é de “volta para casa”, uma vez que atuou por mais de 20 anos na empresa. Em seguida, listou o que planeja fazer e prometeu ser fiel ao Plano Estratégico 2024-2028.

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“O que vamos fazer está registrado no Plano Estratégico, e tem potencial para gerar centenas de milhares de empregos diretos e indiretos, além de recursos em tributos e participações especiais à União Federal”, disse.

“Vamos zelar pela governança e resultados empresariais robustos, com rentabilidade e eficiência operacional. É o que o mercado e o Brasil esperam de nós. Nossa visão está alinhada com a do presidente Lula e com a do governo federal, afinal são esses os nossos acionistas majoritários”, continuou.

Em linhas gerais, ela prometeu ajudar em uma “transição energética justa”, com investimento em eólica, geração fotovoltaica, e hidrogênio, mas com o gás como combustível da transição. A ideia, disse, é aumentar a oferta de gás ao mercado nacional e voltar a investir em fertilizantes — vetor de demanda do gás —, além de expandir o parque de refino e petroquímica.

Ela citou, ainda, um programa de construção naval, na linha do que o Planalto vinha pressionando nos últimos meses da gestão de seu antecessor, Jean Paul Prates. O discurso veio alinhado a falas recentes de Lula e dos ministros de Minas e Energia e Casa Civil, Alexandre Silveira e Rui Costa./Com Gabriel Vasconcelos e Denise Luna

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