RIO - O conselho de administração da Petrobras aprovou nesta segunda-feira, 13, o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) da ordem de R$ 13,45 bilhões relativos ao resultado do primeiro trimestre de 2024. O provento equivale a uma remuneração de R$ 1,04 por ação ordinária e preferencial. O pagamento será feito em duas parcelas iguais de R$ 0,52 por ação em 20 de agosto e, depois, em 20 de setembro.
O montante veio 45,5% abaixo dos dividendos de R$ 24,7 bilhões relativos a igual período do ano passado. A redução está ligada não só a um balanço menor, mas, também, à mudança na fórmula de cálculo dos dividendos, que caiu de 60% para 45% do fluxo de caixa livre, implementada em julho de 2023.
Apesar da redução, a regularidade dos dividendos da Petrobras sob o governo Lula vinha surpreendendo positivamente o mercado com valorização do papel, à exceção dos dias que se seguiram à retenção dos dividendos extraordinários de 2023, por orientação do presidente. A decisão foi revertida em assembleia de acionistas no fim de abril.
Dona de 36,6% do capital da empresa, via Tesouro, Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e seu braço de participações, o BNDESPar, a União vai ficar com R$ 4,92 bilhões dos dividendos aprovados nesse primeiro trimestre de 2024.
Em 2022, a União ficou com cerca de R$ 79 bilhões do total de R$ 215,7 bilhões distribuídos a acionistas relativos àquele exercício.
Em 2023, a Petrobras distribuiu R$ 94,4 bilhões, o que inclui R$ 72,4 de proventos ordinários e mais R$ 22 bilhões extraordinários, metade do valor apurado. A outra metade, informou a empresa, está em reserva de remuneração e pode ser distribuída em parcelas até o fim deste ano. Em 2022, foram R$ 215,7 bilhões distribuídos a acionistas relativos ao exercício daquele ano.
Queda no lucro
A Petrobras fechou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido de R$ 23,7 bilhões, 37,9% a menos do que há um ano, e 23,7% inferior ao registrado no trimestre imediatamente anterior, segundo informou a companhia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta segunda.
O preço médio do petróleo não ajudou a estatal nesse início do ano, se mantendo praticamente estável em relação ao primeiro trimestre de 2023, em US$ 83,24 por barril, mas com leve queda ante trimestre anterior, de outubro a dezembro.
A queda no lucro já era esperada por analistas e agentes do mercado financeiro, mas veio quase 17% abaixo do esperado pela pesquisa Prévias Broadcast. Mesmo assim, analistas ressaltam o resultado mais sólido do ponto de vista operacional.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a estatal segue “comprometida e empenhada em executar e financiar os investimentos previstos, com disciplina de capital e geração de valor para os acionistas e para a sociedade”.
“Os dados financeiros e operacionais da Petrobras no 1º trimestre de 2024 são consistentes com a rota da companhia em cumprir seu Plano Estratégico (2024-28) de forma eficiente e sustentável. No trimestre, mantivemos uma geração de caixa consistente, que nos dá segurança em relação aos investimentos futuros, incluindo os que tem como foco o crescimento da produção da companhia”, afirmou.
A receita de vendas no período caiu 15,4%, para R$ 117,72 bilhões, frente ao primeiro trimestre de 2023, e caiu 12,3% em relação ao quarto trimestre.
Já o Ebitda, que mede a capacidade de geração de caixa da companhia, ficou em R$ 60 bilhões no primeiro trimestre de 2024, queda de 17,2% contra igual período de 2023, e recuo de 10,2% em relação ao quarto trimestre de 2023.
A dívida líquida da empresa subiu para US$ 43,64 bilhões, valor 16,1% superior ao registrado no primeiro trimestre de 2023, mas 2,4% menor do que o registrado ao fim do quarto trimestre do ano passado.
Já os investimentos do trimestre em questão subiram 22,6% ante o mesmo período de 2023 e caíram 14,5% ante o trimestre imediatamente anterior, para US$ 3 bilhões.
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