Com a entrada de novas plataformas no pré-sal, a Petrobrás bateu novos recordes de produção diários no terceiro trimestre, deixando para trás dificuldades enfrentadas nos três meses anteriores. De julho a setembro, foram extraídos 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d, que inclui petróleo e gás) no Brasil. No período, teve destaque o mês de agosto, quando a produção atingiu nível recorde, de 3,1 milhões de barris. Diante do desempenho, a projeção é que alcançará a meta do ano, de 2,7 milhões de barris por dia.
A maior parte do volume produzido no período saiu da região de águas ultraprofundas do pré-sal, que responde por 60,4% do resultado da empresa. “A Petrobrás está atravessando um momento muito positivo com relação ao seu desempenho operacional. Isso é bom para o setor de óleo e gás do país porque aumenta a confiança no potencial de crescimento do setor”, disse Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ.
Ele destaca ainda que o “bom desempenho operacional é uma dimensão fundamental para a recuperação da empresa”, que entrou em crise em 2014, após o preço da commodity despencar no mercado internacional e a Operação Lava Jato, que investigou escândalos de corrupção envolvendo a estatal.
Para o diretor e sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, nenhum outro setor tem tanta capacidade de gerar emprego e renda no Brasil como o de petróleo e gás. Para Maurício Canedo, especialista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o desempenho da Petrobrás comprova a aposta correta da empresa no pré-sal.
Além do crescimento no pré-sal, Pires destacou a utilização das refinarias, que passou de 76% para 80% do segundo para o terceiro trimestre. Com isso, caíram as importações. “Desde a administração de Pedro Parente, a Petrobrás vem buscando um ponto ótimo no refino. Dessa vez, optou por ampliar a produção interna, o que deve ter contribuído para reduzir os custos”, afirmou.
Ele destacou que, ante igual trimestre do ano passado, houve queda do consumo interno de combustíveis. As vendas de gasolina, por exemplo, passaram de 387 mil barris por dia para 377 mil. Sem ter como escoar internamente, a Petrobrás optou por exportar petróleo e derivados. O volume vendido ao exterior subiu de 322 mil barris por dia para 583 mil, alta de 81,1% em um ano. “Falta investimento no refino, o que faz com que a capacidade de produção de combustíveis seja limitada. A tendência é que o País se torne exportador de petróleo e comprador de derivados”, disse Pires.
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