RIO - Só em caso de risco extremo a Petrobras vai adquirir 100% da Braskem, para não deixar os ativos da empresa no mundo se deteriorarem, disse nesta terça-feira, 14, o diretor Financeiro e de Relações com o Mercado da Petrobras, Sergio Caetano Leite, referindo-se ao risco da possibilidade de perda do ativo. Segundo ele, este não seria o cenário ideal para a estatal.
“Tem se falado na compra de 100% da Braskem, mas não é o cenário ideal”, afirmou a analistas durante videoconferência para comentar o resultado da companhia no primeiro trimestre de 2024.
Segundo ele, o “cenário desejado” é que apareça um parceiro com “proposta firme”. Ele disse que a Petrobras segue aguardando as conversas do Novonor (ex-Odebrecht) com eventuais parceiros, mas informou que a estatal já finalizou suas análises (due diligence) sobre a empresa petroquímica.
“O cenário desejado é que apareça um parceiro que coloque proposta firme para a Novonor, que seja do setor petroquímico e de óleo e gás, e que possa acompanhar investimentos futuros para o crescimento da Braskem”, afirmou. Para Leite, os “players” desejados para essa posição são empresas grandes que já trazem mercados maiores do que aqueles alcançados pela Braskem hoje.
![](https://www.estadao.com.br/resizer/v2/7T6BEVL6TBJCTM53MQK6LIWSLU.jpg?quality=80&auth=864784fe74810123f72ed331b5c04b38e55ab346c747b2fb0878fd07b2ef43b1&width=380 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/7T6BEVL6TBJCTM53MQK6LIWSLU.jpg?quality=80&auth=864784fe74810123f72ed331b5c04b38e55ab346c747b2fb0878fd07b2ef43b1&width=768 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/7T6BEVL6TBJCTM53MQK6LIWSLU.jpg?quality=80&auth=864784fe74810123f72ed331b5c04b38e55ab346c747b2fb0878fd07b2ef43b1&width=1200 1322w)
Leite reforçou uma declaração do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, nos Estados Unidos, na semana passada. Segundo Prates, isso só aconteceria se não aparecer um comprador para a fatia da Novonor na petroquímica. O melhor cenário, afirmou, seria uma parceria meio a meio com um novo sócio. Antes da declaração, já era sabido que a Petrobras mirava aumentar sua participação na empresa, possivelmente igualando-a com a de um novo sócio em 50%.
“Hoje, temos uma visão clara da situação da Braskem e o potencial que ela tem”, afirmou Leite.
De acordo com o diretor, mesmo que a Petrobras eleve a fatia de 47% que possui na Braskem para 50%, não haverá impacto na dívida da companhia.
“O modelo que a Petrobras mais vê com bons olhos é o modelo de uma cogestão, ou seja, é um modelo no qual a Petrobras não seria majoritária na operação. Se levarmos de 47% a 49% ou de 47% a 50%, o impacto na consolidação da dívida da companhia será inexpressivo, será basicamente o impacto que existe hoje”, afirmou.
Internacionalização
Sobre o potencial de internacionalização da Braskem, Leite disse que isso é intrínseco ao formato da empresa. “As oportunidades de internalização da Braskem estão postas no próprio formato da empresa atualmente.”
A Braskem é líder em duas resinas polietileno nos Estados Unidos, tem posição invejável na Alemanha, com duas plantas petroquímicas no País voltadas à venda de resinas verdes, com potencial de valor agregado considerado bastante interessante. No México, a Braskem tem uma planta nova, com terminal novo, voltado para o Atlântico, o que dá flexibilidade logística para suprir a América do Norte”, descreveu Leite em longo elogio às possibilidades da companhia.
Questionado sobre o afundamento do solo em Maceió no entorno de operações da empresa em minas de sal-gema, ele disse que, durante o due dilligence, a Petrobras escalou geólogos e o seu centro de pesquisas, o Cenpes, para analisar a situação e disse que a companhia já tem visão “muito clara” dos cenários de risco, que já estão traduzidos no valor interno que a companhia atribui à Braskem.