BRASÍLIA - O secretário executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, será o nome indicado pela Pasta para ocupar um dos assentos do Conselho de Administração da Petrobras. De acordo com uma pessoa próxima a Fernando Haddad, o ministro bateu o martelo sobre o indicado ontem à noite. Dubeux passará agora pelo crivo do conselho da estatal. Não ficou definido quem perderá o cargo para a entrada de Dubeux. Até agora, as indicações para o conselho partiam do Ministério de Minas e Energia e da Casa Civil.
Ainda na noite de ontem, o Estadão/Broadcast informou que a Fazenda teria um membro no conselho da companhia depois de uma reunião no Palácio do Planalto em que o presidente da estatal, Jean Paul Prates, apresentou um plano para a empresa com uma “pegada” de sustentabilidade.
A escolha de Dubeux vai exatamente nessa direção. O pernambucano chegou ao governo Lula 3 como assessor especial de Haddad, com o objetivo de desenhar o Plano de Transformação Ecológica, adiantado pelo Estadão/Broadcast pelo próprio autor ainda em abril do ano passado - o projeto foi anunciado oficialmente em julho.
Com a saída do então número 2 da Fazenda, Gabriel Galípolo, para a Diretoria do Banco Central, Dario Durigan foi convidado para ser o secretário executivo da Pasta. Depois de seu nome ter sido especulado por algumas semanas para ser o adjunto de Durigan, Dubeux foi nomeado para o cargo oficialmente em 21 de fevereiro.
Discussões
A possibilidade de o Ministério da Fazenda ter um assento no Conselho de Administração da Petrobrás havia sido confirmada ontem à noite pelo próprio ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Em entrevista, Silveira, confirmou o convite à Fazenda para ocupar um dos seis assentos do governo, de um total de 11, no colegiado.
Ele falou à imprensa após participar de uma reunião de mais de três horas que ocorreu nesta tarde no Palácio do Planalto, com a presença de Lula e do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, além de diretores da estatal e dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil).
O encontro ocorreu após a Petrobras perder R$ 56 bilhões em valor de mercado em um único dia, devido ao temor de ingerência do governo federal sobre a estatal, que anunciou a retenção de dividendos extras na semana passada.
Nessa discussão, integrantes da equipe econômica tinha defendido o pagamento desses dividendos extraordinários, em conversas com Jean Paul Prates, durante a semana passada. A distribuição era amplamente esperada pelo mercado financeiro, surpreendido pela decisão contrária na última quinta-feira, e ajudaria o Ministério da Fazenda no esforço fiscal ligado à meta de déficit zero.
Isso porque a União é o principal acionista da empresa e, portanto, o maior beneficiário desses montantes. Segundo interlocutores da Fazenda, a proposta de Prates, de distribuir 50% dos valores extraordinários apurados em 2023, “era bem razoável”. A recomendação, porém, não teve o apoio necessário dentro do conselho de administração da companhia, que decidiu por restringir a distribuição apenas aos dividendos ordinários, retendo o restante (R$ 43,9 bilhões).
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