RIO - A Petrobras fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 26,7 bilhões, 42% a menos do que há um ano. Mais uma vez, o resultado refletiu a queda nos preços internacionais do petróleo na comparação com 2022, quando a guerra na Ucrânia pressionava mais o mercado.
No terceiro trimestre do ano passado, o barril do Brent teve preço médio na casa dos US$ 100, enquanto entre julho e setembro ficou em US$ 86, queda de 14%. Na prática, ainda que tenha produzido e vendido mais petróleo, a Petrobras faturou menos.
O resultado veio abaixo do esperado por analistas do setor, que projetavam um lucro na casa dos R$ 30 bilhões. Nos nove primeiros meses do ano, o ganho soma R$ 93, 5 bilhões, uma queda de 35,5% em relação ao igual período de 2022.
Em que pese o lucro menor um ano depois, o resultado foi considerado positivo por analistas, devido a recordes na produção de petróleo e gás e pelo aumento expressivo na produtividade do parque de refino. Além disso, ao longo de 2023, o efeito das cotações do petróleo no resultado vem sendo atenuado, porque o preço do petróleo tipo Brent saltou 11% na passagem do segundo para o terceiro trimestre, impulsionando as receitas.
Esse foi o segundo balanço trimestral com a diretoria escolhida por Jean Paul Prates à frente da companhia e o primeiro integralmente afetado pela nova política de preços de combustíveis, que reduziu a margem bruta de refino, ao desassociar o preço dos combustíveis do preço de paridade de importação (PPI) e balizá-los dentro de uma faixa entre o custo da companhia e o preço da concorrência.
Os preços menores foram parcialmente compensados pelo maior fator de utilização das refinarias, que ficou em 95,8% na média do terceiro trimestre, quase 10 pontos porcentuais acima das médias registradas em 2022.
Dividendos
A Petrobras anunciou ainda que aprovou um pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio aos acionistas de R$ 17,5 bilhões relativos ao resultado do terceiro trimestre do ano. Esse é o segundo anúncio de pagamento a acionistas após a mudança da política de dividendos da companhia, que agora tem previsão de proventos na ordem de 45% do fluxo de caixa livre (diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos do trimestre).
No segundo trimestre desse ano, a companhia distribuiu R$ 14,8 bilhões em proventos a seus acionistas e, nos três primeiros meses do ano, R$ 24,7 bilhões (ainda sobre a regra de 60% do fluxo de caixa livre). Com isso, o volume distribuído aos acionistas para os primeiros nove meses do ano soma R$ 57 bilhões.
Dona de 36,6% do capital da empresa, via Tesouro, Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e seu braço de participações, o BNDESPar, a União deve ficar com até R$ 20,8 bilhões dos dividendos já aprovados este ano. Ao longo de todo ano passado, a União ficou com cerca de R$ 80 bilhões do total de R$ 215,7 bilhões distribuídos a acionistas relativos àquele exercício.
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