SÃO PAULO E RIO - O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou neste domingo, 12, que a estatal manterá suas atividades no estado da Bahia. Em publicação no Twitter, ele disse que se reuniu com entidades de empregados e aposentados da companhia em Salvador e recebeu as demandas dos funcionários do Polo da Bahia. “Firmamos nosso compromisso em defender e fortalecer a Petrobras no estado”, escreveu.
O executivo lembrou da suspensão da venda de ativos da estatal, por 90 dias, solicitada pelo governo em razão da reavaliação da Política Energética Nacional, atualmente em curso. “Já anunciamos a revisão e suspensão das transferências compulsórias e vamos seguir em diálogo direto com todos e todas para construir uma Petrobras forte para o futuro do povo brasileiro”, acrescentou Prates.
A Petrobras vinha executando nos últimos anos um plano de desinvestimentos acordado por gestões anteriores com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que incluiu a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, para a Acelen, empresa com participação do Mubadala Capital.
Em dezembro do ano passado, a estatal chegou a anunciar o início da fase vinculante para a venda de sua participação na Metanor, empresa administrada em conjunto com a Dexxos e sediada em Camaçari (BA), que atua nos segmentos de comercialização de metanol e produção de seus derivados. Como todos os outros negócios em curso, essa venda será suspensa para reavaliação.
Leia também
A nova direção da Petrobras nega tratar-se de um cancelamento sumário, mas fontes familiarizadas com o assunto dizem que são grandes as chances desses negócios não irem mais à frente, em linha com as recentes falas de Prates de reforçar a presença regional da companhia em todo o território brasileiro. Este foi um dos motes de sua primeira mensagem aos funcionários, e que vem sendo retomado a cada pronunciamento público.
‘Não’ a novas refinarias
Mas Prates não comentou os rumores sobre a possível instalação de uma nova refinaria no estado da Bahia, desejo de sindicatos de petroleiros locais e do núcleo petista do estado, que tem boa entrada no governo federal, encarnada na figura do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT).
Muito ao contrário, na última quarta-feira, em vídeo gravado no quarto do hotel em que ficou durante a Ceraweek, evento do setor de óleo e gás em Houston (EUA), Prates descartou planos de construir novas refinarias e disse que a expansão do refino vai acontecer via expansões, melhoramentos e adaptações de unidades já existentes.
O vídeo foi motivado por questionamentos de investidores e analistas após o anúncio de acordo entre a Petrobras e a empresa de energia norueguesa Equinor para investimentos futuros em eólica offshore. Intensivos em capital, esses negócios drenariam bilhões em investimentos da companhia, o que deixou o mercado receoso. Prates, então, veio a público dizer que não há capex definido, somente projetos ainda em estudo e que, se aprovados, acontecerão de forma gradual. Na mesma linha, para afastar temores sobre gastos excessivos, ele descartou refinarias a serem construídas do zero.
Sobre eventuais expansões e modernizações (Revamp), fontes próximas às discussões informaram ao Estadão/Broadcast que os principais alvos são as refinarias Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), e a Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. Além disso, haveria intenção de construir o segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, o que já estava previsto no plano estratégico divulgado pela gestão anterior a fim de concluir o projeto original da unidade.
Rio Grande do Norte
Há alguns dias, também, Prates falou em evento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte, onde também garantiu a presença local da estatal nos próximos anos com mais e novos investimentos. O estado se destaca pela boa incidência de ventos em terra e no mar, o que garante afinidade com os planos futuros de entrar em eólica offshore.
Também no Estado a empresa estava prestes a fechar a venda de uma refinaria pequena e campos maduros de petróleo no Polo Potiguar à petroleira independente 3R Petroleum, o que também fica ameaçado pela suspensão das vendas de ativos para reavaliação.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.