Refinaria Abreu e Lima não será ‘lata velha do fim do petróleo’ e terá até R$ 8 bilhões, diz Prates

Presidente da Petrobras afirma que unidade irá produzir hidrogênio, metanol verde e diesel renovável 100% de origem vegetal: ‘O petróleo pode acabar, mas a refinaria Abreu e Lima não’

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RIO - O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta quinta-feira, 18, que o projeto de ampliação da refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, vai consumir entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões em investimentos da estatal.

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Segundo ele, a estimativa exata não pode ser revelada porque a iniciativa, que prevê o melhoramento do Trem 1 e a construção do Trem 2 da refinaria, ainda tem licitações em aberto. O objetivo é elevar gradualmente o processamento de petróleo cru de 100 mil barris por dia para 260 mil barris por dia até 2028.

“A gente não revela exatamente (o valor do investimento) porque são licitações, e a gente quer que seja o mais barato possível dentro desse range (faixa de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões). É muito dinheiro, mas é exatamente o montante que essa refinaria vai recolher em impostos federais e estaduais, majoritariamente estaduais, em seu primeiro ano de operação. (Considerando) o investimento todo nela, se quiser colocar as piores estimativas, de R$ 100 bilhões, esse montante é coberto pela (receita) do primeiro ano dela completa lá na frente (2028). Isso é muito importante, isso nos leva a olhar para frente”, disse.

Lula e Prates participam de cerimônia de retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco Foto: Ricardo Stuckert/PR

A unidade, cuja construção foi inaugurada há 18 anos com a presença dos então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez (Venezuela), tornou-se um dos símbolos das investigações da Operação Lava Jato no escândalo do “petrolão”, esquema de desvio de recursos da estatal durante as gestões petistas. O projeto foi pensado em parceria com a estatal venezuelana PDVSA.

Sua construção se arrastou de 2005 a 2014, com um atraso de três anos para o início da operação parcial, antes previsto para 2011. Com um custo inicial de R$ 7,5 bilhões, as obras do empreendimento, que deveria ser o início da independência para o refino de petróleo brasileiro, consumiram quase R$ 60 bilhões.

Em discurso na cerimônia de lançamento da retomada das obras da Rnest nesta quinta, na presença de Lula, Prates foi enfático ao rebater o argumento de que se trata de um “investimento ruim, em combustível fóssil”.

Primeiro porque, afirmou, a Rnest é uma refinaria vocacionada para a produção de diesel, combustível cuja importação perfaz 25% do volume total consumido pelo País. E, depois, porque a Rnest seria uma refinaria moderna, passível de adaptações para produzir combustíveis renováveis em escala crescente no futuro.

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Segundo o executivo, a ampliação da Rnest viabiliza a busca por autossuficiência em diesel, um dos pedidos de Lula, previsto no programa de governo do PT, e com o qual Prates se disse comprometido.

“Quem aí estiver dizendo que estamos recuperando uma refinaria que não tinha mais de existir, uma refinaria feia e velha, digo que essa é a refinaria do futuro, da virada. Essa refinaria olha para o futuro. Aqui vai ter energia líquida. Isso aqui (Rnest) não faz combustível fóssil, isso aqui faz energia líquida. Hoje, o mais acessível para a população ainda é o hidrocarboneto, mas essa refinaria vai produzir hidrogênio, e-metanol (metanol verde), o combustível dos navios do futuro, vai produzir diesel renovável 100% de origem vegetal. É uma máquina maravilhosa, do futuro. Não vai ser uma lata velha do fim do petróleo”, afirmou Prates.

Segundo ele, a Rnest é, hoje, a refinaria mais moderna de todo o continente americano, incluindo os parques de países como Estados Unidos e do Canadá.

O presidente da Petrobras destacou ainda que a Rnest tem 70% de capacidade de recuperação em diesel. Esse é o porcentual de rendimento em diesel da atividade de refino da unidade. Por isso, definiu a unidade como a “refinaria do diesel”, com capacidade de avançar na produção futura desse mesmo combustível, mas de origem 100% vegetal. “A Rnest é uma refinaria que não acaba com o petróleo. O petróleo pode acabar, mas a Rnest não acaba”, completou.

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