Petroleiras tentam suspender na Justiça tributos sobre exportação de petróleo; PL recorre ao STF

Cobrança foi anunciada na semana passada por Haddad; Shell e Equinor alegam impacto financeiro, e partido de Bolsonaro diz que impostos afetam distribuição de royalties

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RIO - Petroleiras estrangeiras que atuam no Brasil, como Shell e Equinor, ajuizaram nesta quarta-feira, 8, um pedido de liminar para suspender a cobrança do novo imposto sobre exportações de petróleo bruto. No mesmo dia, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, entrou com representação no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender o tributo.

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A taxação foi anunciada na semana passada, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o objetivo de recompor receitas advindas da cadeia de óleo e gás. Isso aconteceu em paralelo à volta de tributos federais (Pis/Cofins) sobre a gasolina e etanol, mas como esses impostos voltaram a incidir somente parcialmente e sem o terceiro tributo, a Cide Combustíveis, zerada até junho, a tributação da exportação foi a saída encontrada pelo governo para evitar perdas na arrecadação.

Por meio da medida provisória 1.163/2023, portanto, ficou instituída a cobrança do imposto de 9,2% sobre as exportações de óleo bruto entre março e junho deste ano.

Em um primeiro momento, os exportadores de petróleo e entidades representativas reclamaram por meio de nota, mas, agora, partem para a judicialização em várias frentes simultâneas. Para as petroleiras, o efeito do novo imposto passa por uma queda na rentabilidade dos negócios e perda de competitividade dos negócios do País para atrair investimentos escolhidos pela matriz global. Mas há quem aponte possível queda nas receitas do petróleo para União, Estados e Municípios, caso do senador Carlos Portinho (PL-RJ), que levou a questão ao STF.

Procurada, a Shell Brasil confirmou a informação. Por meio de nota, a empresa informou que decidiu, em conjunto com “outras quatro empresas do setor presença relevante” no País, ajuizar liminar na Justiça contra a “cobrança efetiva” do novo imposto de exportação.

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“O imposto sobre as exportações de petróleo, que deverá vigorar por quatro meses, terá um efeito financeiro sobre os negócios da companhia no país”, disse a Shell Brasil. Segundo a empresa, a medida foi anunciada sem diálogo significativo com a indústria e traz incerteza sobre novas decisões de investimentos, o que afetaria a competitividade do Brasil no setor de petróleo.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) afirmou que seu partido entrou com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) no STF contra cobranças de tributos sobre exportações Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Na mesma linha, a Equinor disse que a decisão pela judicialização da questão “busca endereçar” preocupação da indústria em relação à atratividade do país para investimentos robustos e de longo prazo, que demandam “previsibilidade nas estruturas jurídicas e regulatórias, com absoluto respeito aos contratos”.

Como veio por medida provisória, o Congresso Nacional terá de optar por renovar, interromper ou deixar caducar o novo imposto, ora válido por quatro meses. Por isso, diz a Shell, ainda é “cedo para se especular sobre os impactos da medida”.

Representação do PL

O PL também entrou com ação contra o imposto, alegando inconstitucionalidade na medida provisória que continha o novo imposto.

Em coletiva em Brasília, ao lado do senador Rogério Marinho (PL-RN), o senador Carlos Portinho (PL-RJ) informou que o partido entrou com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) no STF. Segundo a ação, o tributo é extremamente prejudicial para o País e também para estados e municípios produtores de petróleo.

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“Esse imposto é inconstitucional, é extrafiscal, não tem finalidade arrecadatória e há prejuízos para os estados e municípios produtores, como o Rio de Janeiro. Vai ter impacto direto na distribuição de royalties”, disse Portinho nesta quarta-feira.

Ele ressaltou que haverá redução da produção e possivelmente suspensão de exportação de petróleo. “O Brasil não refina todo o petróleo que produz, então o petróleo é exportado sobretaxado e vai voltar para o consumidor com os acréscimos dessa taxação. Estamos exportando tributos”, concluiu.

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