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PIB cresce 0,1% no terceiro trimestre e afasta risco de contração técnica; leia análise

Cenário para o quarto trimestre sugere a continuação de uma economia moderada, impulsionada por uma política monetária restritiva

Por Gustavo Arruda

Os números do PIB do terceiro trimestre de 2023 surpreenderam positivamente, com um crescimento de 0,1% em relação ao trimestre anterior. A expectativa nossa e do mercado era de uma leve contração, principalmente pelo declínio no setor agrícola.

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O resultado confirma uma desaceleração suave da economia brasileira, que vem crescendo de forma moderada desde o início do ano. No entanto, a composição do crescimento aponta para alguns desafios, em especial para os investimentos.

Na ótica da demanda, a notícia positiva fica para o consumo das famílias. Houve um aumento significativo de 1,1% no consumo das famílias, refletindo uma melhora no mercado de trabalho e influência das transferências governamentais. As exportações de bens e serviços avançaram 3,0%, enquanto as importações recuaram 2,1%. No contraponto está o investimento, que caiu 2,5% frente ao trimestre anterior. Este é um sinal de cautela do setor privado, que ainda enfrenta um ambiente de incertezas, apesar de cada vez menor.

Investimento recuou 2,5% no terceiro trimestre cenário  Foto: Eduardo Saraiva/A2img / Eduardo Saraiva/A2img/Divulgação

Já no lado da oferta, o setor de serviços avançou 0,6% e da indústria também (0,6%). No entanto, o peso da agropecuária - que recuou 3,3% - refletiu a volatilidade após um primeiro semestre excepcionalmente forte.

A revisão da série em termos nominais (em trilhões de reais) implica um PIB quase R$ 200 bilhões maior do que imaginado anteriormente. Isso impacta indicadores como a relação dívida/PIB, por exemplo, que demonstra uma redução de 1 ponto percentual causada pelo denominador. Apesar da economia mostrar rigor maior, o risco fiscal permanece, com trajetória de PIB ascendente.

Olhando para frente, o cenário para o quarto trimestre de 2023 sugere a continuação de uma economia moderada, impulsionada por uma política monetária restritiva. No entanto, para 2024, a expectativa é de um crescimento mais robusto, impulsionado por políticas fiscais e quasi-fiscais expansivas, além de uma política monetária menos restritiva e cortes contínuos nas taxas de juros. Para a média do ano, entretanto, o PIB deve crescer 1.8%, abaixo dos 3.1% de 2023.

Na nossa análise, os principais riscos macro para o crescimento da economia brasileira em 2024 são uma desaceleração forte da economia global e/ou um excesso de expansão fiscal, forçando uma volta latente da percepção do risco de solvência. / Chefe de pesquisa para América Latina do BNP Paribas

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