O economista Delfim Netto avalia que os dados do Produto Interno Bruto (PIB), divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PIB), indicam que a economia brasileira está começando a melhorar e pode ter crescimento moderado em 2017. A previsão de Delfim é que a expansão fique entre 0,2% e 0,4%. Já a taxa básica de juros, a Selic, deve seguir em queda e ficar próxima a 8%, na estimativa de Delfim, que participou hoje de seminário sobre agronegócio promovido pela B3.
Delfim ressaltou que o Brasil passa por um momento de "absoluta incerteza" política, por conta da indefinição sobre o futuro do presidente Michel Temer. "A incerteza mata o espírito animal", disse ele, ressaltando que a turbulência pode afetar a atividade e as reformas estruturais no Congresso.
O ex-ministro defendeu a permanência de Temer no cargo e se posicionou contra a proposta de eleições diretas neste momento. "A eleição direta é absolutamente impossível. A Constituição define claramente a eleição indireta", disse ele.
Uma das possíveis soluções para a crise política, disse Delfim, seria o Supremo Tribunal Federal (STF) transferir o início do processo contra Temer para 1º de janeiro de 2019, ou seja, deixando o presidente terminar seu mandato. Para ele, não é uma eleição direta que vai resolver o problema agora. "Não cai nada do céu. Deus se cansou do Brasil", disse Delfim, arrancando risdas da plateia.
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A crise política ameaça acabar com todas as conquistas até agora de Temer, ressaltou Delfim. Apesar disso, o País vai saber superar esta situação. "A crise não é o fim do Brasil."
No caso das reformas, o economista acredita que a reforma trabalhista deve ser aprovada. Para a Previdência, ele prevê que pelo menos a criação de uma idade mínima para a aposentadoria deve passar.
Em sua palestra na B3, Delfim Netto também defendeu a Operação Lava Jato. A investigação contra corrupção é um ponto de inflexão no Brasil. "Pode ter trazido alguns problemas de curto prazo, mas é o Brasil começando a se organizar." A opreação policial põe fim à "relação incestuosa entre governo e setor privado."
A situação fiscal do Brasil ainda está muito deteriorada, comentou o ex-ministro. Delfim mencionou que o déficit nominal, que inclui o pagamento de juros, está na casa dos 9%. O déficit primário está em 2,2% e a relação entre a dívida bruta e o PIB em 74%.
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