A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, voltou à carga sobre o pedido de licenciamento ambiental da Petrobras para procurar petróleo e gás no litoral do Amapá, na chamada Margem Equatorial.
“Sendo possível a licença, teremos no Amapá a melhor resposta à emergência do mundo”, disse Magda em discurso com o presidente Lula e ministros no palco de evento em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
A Petrobras lança nesta segunda-feira um novo edital de encomendas navais da Transpetro e assina protocolos de intenção para o reaproveitamento de plataformas.
“A reposição de reservas é urgente e isso só vai ser possível se começarmos a explorar novas fronteiras agora. Por isso é importante destacar a importância da Margem Equatorial e da pesquisa do seu real potencial. Se tivermos a licença, faremos tudo de forma extremamente segura, presidente Lula. O senhor pode ficar tranquilo”, continuou Magda.
Ela reiterou o “compromisso da Petrobras com o Brasil e a segurança de suas operações”. Segundo Magda, a estatal conta com centros de defesas ambientais em 14 Estados do País, além de parcerias, inclusive com a Nasa, para monitoramento das áreas afetadas. Ela citou equipamento capaz de selar poços em caso de derrame e que só existem em número de quatro no mundo, sendo um deles no Brasil, com a Petrobras.
O discurso de Magda vem dias após Lula defender a perfuração no litoral do Amapá a uma rádio local e definir como “lenga-lenga” a demora do Ibama em emitir a licença.
No mesmo evento, nesta segunda-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a Petrobras já entregou tudo ao Ibama e que “chegou a horas de virar a chave”.
Acelerador
Em seu discurso, Magda afirmou que a estatal vai pisar no acelerador das encomendas à cadeia de óleo e gás, pedindo que se preparem para dar uma resposta adequada ao fornecimento.“(Fornecedores) estejam preparados porque estamos pisando no acelerador, seja para fazer navios para exploração e produção de óleo e gás, seja para fazer refinarias e ampliar a capacidade de refino. Vamos pisar no acelerador e vocês são essenciais para o sucesso dessa nossa jornada”, disse Magda.
Ela voltou a dizer que, em gestões anteriores, a companhia investia somente 70% do que era previsto em seu plano de negócios, o que teria sido corrigido sob sua batuta. “Em agosto de 2024, já estávamos performando a 100% (do capex previsto). Quando comparamos com o que vínhamos performando antes com o que estamos fazendo agora, estamos botando 35% a mais de dinheiro no mercado. Isso é muita coisa e demanda um esforço muito grande da Petrobras e de fornecedores nacionais”, continuou.
Ela destacou o pagamento de R$ 257 bilhões em tributos ao longo de 2024 e afirmou que, até 2029, a Petrobras terá 10 novas plataformas de grande porte em operação, das quais sete já estão contratadas e três ainda serão.
Segundo Magda, esse aumento de demanda já se reflete nas encomendas de equipamentos “topside” fabricados no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Trata-se dos equipamentos responsáveis pela separação do óleo e gás da água associada.
“As encomendas aumentaram tanto que já estamos espraiando isso para outros estaleiros em volta. Mais três aqui no Rio e mais dois no Espírito Santo (além dos dois que já eram usados)”, revelou Magda.
Ela afirmou que a estatal vai contratar mais 44 embarcações, entre barcos de apoio e navios gaseiros, de maior porte, até 2026. “Vamos contratar mais 44 embarcações só até 2026 e serão muito mais até 2029. São barcos de apoio e navios gaseiros que contarão com financiamento da Marinha Mercante e depreciação acelerada, o que vai garantir um futuro para a indústria nacional”, disse.
Segundo a presidente da estatal, essas encomendas vão requerer investimentos de R$ 58 bilhões e serão capazes de gerar 60 mil novos postos de trabalho. Ela destacou que o conteúdo local dessas encomendas deve ser de 40%, mas pode chegar até 65%, a depender das condições de acesso ao Fundo de Marinha Mercante.
Em refino, serão R$ 40 bilhões e expectativa de 130 mil postos de trabalho.
Novo FPSO
Magda ainda citou a entrada em operação do novo navio plataforma (FPSO) Almirante Tamandaré, no mega-campo de Búzios. Maior FPSO em operação do País, o navio tem capacidade de produção de 225 mil barris por dia (bpd), sendo o primeiro de uma série de quatro que vão atuar no campo.
“Miseravelmente (na pior das hipóteses), Búzios vai produzir 1,5 milhão de barris por dia num futuro próximo”, disse Magda.
Segundo ela, a Petrobras está projetando o futuro até 2029 com mais dez plataformas de grande porte. Dessas, diz a executiva, sete já foram encomendas e três estão em processo de contratação.

Ela também defendeu o reaproveitamento de plataformas de petróleo, com extensão de sua vida útil. “Não queremos jogar navios fora, queremos reaproveitar esses navios e queremos que sejam úteis. E queremos que esse reaproveitamento aconteça nos estaleiros nacionais”, disse Magda.
Leia também
Além de uma feira do setor, a Petrobras vai lançar uma segunda licitação para incrementar a frota da Transpetro e assinar protocolos de intenção com vistas a este reaproveitamento de navios-plataforma.
A política marca uma diferença com relação à gestão anterior, mais afeita a um descomissionamento mais acelerado de unidades antigas.
Elogios
O ministro de Minas e Energia elogiou a diretoria da Petrobras e afirmou que é preciso defender as políticas públicas que voltaram para o País. “A indústria naval foi desmantelada pelo governo anterior; a Petrobras não renovava a frota marítima há dez anos.”