BRASÍLIA – Deputados da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebraram, nesta quarta-feira, 15, o recuo do governo ao derrubar a instrução normativa da Receita Federal que ampliava o monitoramento sobre transações financeiras, incluindo o Pix. Já governistas se organizam para fazer uma autocrítica do processo.
Nikolas Ferreira (PL-MG), o principal mobilizador da oposição contra a medida, aproveitou o recuo do governo para rebater as acusações de fake news a vídeos enganosos que falavam que o Pix seria taxado. “Se era fake, por que revogou?”, questionou Nikolas nas redes.
“O povo se uniu nas redes sociais e derrubamos a decisão”, disse ele, em um vídeo publicado nas redes sociais. Nunca subestime o poder de um vídeo”, escreveu.
Na terça-feira, 14, Nikolas publicou um vídeo que já soma mais de 237 milhões de visualizações até a noite desta quarta-feira, no qual faz especulações sobre a taxação do Pix – lembrando de promessas não cumpridas pelo governo no passado.
O deputado foi o principal motivo de, como mostrou o Estadão, fazer com que a oposição tivesse 20 vezes mais interações (a soma de curtidas, compartilhamentos e comentários) que conteúdos de petistas nas redes sociais.
“A oposição venceu”, disse Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara.” É uma vitória, um claro sinal de que, quando unimos e pressionamos, conseguimos fazer a diferença. Hoje vamos celebrar essa importante conquista.”
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Falhas na comunicação
Como mostrou a Coluna do Estadão, internamente, integrantes do PT veem uma série de equívocos do governo Lula na polêmica sobre o Pix e afirmam que o recuo só reforça o discurso de Nikolas, que sai dessa disputa como “herói”.
Pedro Campos (PSB-PE), deputado da esquerda que teve melhor desempenho nas redes sociais sobre a medida, avalia que governo errou ao crer que poderia tratar do assunto apenas num nível superficial.
“Tem um erro na leitura de achar que esse tema seria tratado de maneira superficial quando a população tratou de forma profunda. Foi o que a oposição soube fazer. Trouxe conteúdos mais longos, que mergulhavam mais no assunto para tratar de um tema que atenção da população estava aberta para receber essas informações”, afirma.
Levantamento da Bites aponta que Campos foi o terceiro deputado que mais teve alcance na discussão sobre o tema nas plataformas, atrás apenas de Nikolas e de Júlia Zanatta (PL-SC). O vídeo dele sobre o tema, publicado na semana passada, foi visto por 4,6 milhões de pessoas.
Janela de oportunidade
Para ele, não havia “saída fácil” para essa discussão, mas ainda há uma janela de oportunidade para o governo construir uma nova narrativa.
“Vai ser um erro se não aproveitar essa discussão para falar em melhorias para os microempreendedores individuais (MEI) e no Imposto de Renda”, afirma.
“A pessoa que vende cachorro quente na esquina, ao invés de se ter uma isenção para ela, a alternativa discutida é se a Receita vai olhar pra ela ou não vai. O que deveria ser dito é que a pessoa tem o direito, a isenção de não pagar o imposto, e não ficar achando que precisa se esconder da Receita Federal.”
O gobverno já informou que irá enviar neste ano ao Congresso um projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais.
