Novo plano estratégico da Petrobras deve prever mais de R$ 120 milhões a créditos de carbono

Empresa deve aumentar fatia dos investimentos destinados à descarbonização de 5% para 15%

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RIO - O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, disse ao Estadão/Broadcast que o próximo Plano Estratégico da companhia, até 2028, vai elevar a previsão de investimento em créditos de carbono, ultrapassando a atual previsão de R$ 120 milhões.

A Petrobras anunciou nesta terça-feira, 5, a primeira compra desses créditos de sua história: 175 mil créditos de carbono, cada um equivalente a 1 tonelada de gás carbônico (CO₂) evitado na atmosfera por meio de preservação florestal. A entrada da estatal nesse mercado foi antecipada pelo Estadão/Broadcast em 17 de agosto.

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“A ideia é ultrapassar esses R$ 120 milhões em créditos de carbono (a serem investidos em cinco anos). No próximo plano, muito provavelmente, esse valor vai ser ultrapassado”, diz o diretor. Segundo o próprio Tolmasquim, o próximo plano estratégico será divulgado ao mercado em novembro.

O pedaço dos investimentos voltados a descarbonização vai saltar de 5% para algo entre 5% e 15%, mas mais próximo da banda superior. As prioridades devem ser investimentos em biocombustíveis de última geração, tecnologias de captura de carbono (CCS e CCUS), investimentos em energias renováveis, como eólica e solar, além, é claro, da participação no mercado de créditos de carbono.

Mauricio Tolmasquim, diretor de sustentabilidade e transição energética da Petrobras Foto: REUTERS/Marta Nogueira

Para esse último, disse Tolmasquim, a ideia é fazer operações cada vez mais frequentes, mas sempre seguras, incluindo não só compra, como também venda de créditos no futuro, quando tecnologias como a de CCUS estiverem maduras e operacionais.

Segurança a preço mais alto

Sobre a primeira operação, Tolmasquim não revela o valor total dela nem tampouco o preço dos créditos comprados do Projeto Envira Amazônia porque a Petrobras pretende fechar novos negócios do tipo e não quer abrir informações estratégicas. O Envira Amazônia tem foco em preservação florestal e desenvolvimento socioeconômico no município de Feijó, no Acre.

Ainda assim, o executivo reconhece que o valor pago esteve um pouco acima da média do mercado em função do custo de certificação dos créditos junto à Verra, certificadora que segue o padrão internacional Verified Carbon Standard (VCS).

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“Optamos por uma operação segura. Fizemos questão de comprar créditos um pouco mais caros, mas que dão a segurança de preservar efetivamente áreas da Amazônia. Essa certificação garante transparência, confiabilidade e rastreabilidade da origem desse crédito de carbono e seu uso, sua efetividade”, diz o executivo. O executivo cita que há um portal para o acompanhamento dos certificados de preservação.

Tolmasquim lembra que os créditos da vez vêm pelo mercado voluntário e não poderão ser transferidos quando o País criar o mercado regulado, em discussão no Congresso Nacional. “Aí, teremos uma nova operação, completamente diferente, voltada para esse novo mercado regulado”, diz.

Local específico

Além da segurança, Tolmasquim cita o fato de Feijó, no Acre, estar situada no cinturão do desmatamento, o que ajuda a frear a atividade ilegal, responsável por mias da metade das emissões de gases do efeito estufa do País atualmente.

“Esse município, Feijó, foi o 24º município brasileiro com maior índice de desmatamento entre 2019 e 2022. Estamos focando em uma área sob grande pressão de desmate para de fato fazer a diferença na preservação”, diz.

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