Os planos do Bradesco para crescer entre os clientes de alta renda

Banco prevê ampliar em mais de 40% número de especialistas para atendimento aos clientes no segmento Prime, entre outras medidas

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Atualização:

São Paulo - Os planos do Bradesco para o segmento de alta renda e private banking em 2023 preveem tanto a ampliação da equipe quanto um forte crescimento de captação - de novos recursos sob gestão e novos clientes. “Queremos potencializar nossa estrutura de ‘wealth’”, afirmou Guilherme Leal, diretor executivo do Bradesco responsável pelo Prime, Private Bank, Ágora e a área de investimentos.

Segundo Leal, até o fim do ano o banco vai ampliar em mais de 40% - de 1.400 para 2.000 - o número de especialistas em investimentos para atender o Prime, segmento de alta renda do banco. “Eles vão atender o cliente com mais de R$ 300 mil. Com a ampliação da equipe, poderemos pensar em baixar o valor mínimo”, afirmou o diretor, acrescentando que especialistas e gerentes atuam conjuntamente para aumentar o “share of wallet”, ou seja, a parcela do patrimônio financeiro do cliente atendida pelo banco.

Guilherme Leal, diretor executivo do Bradesco responsável pelo Prime, Private Bank, Ágora e a área de investimentos Foto: Acervo Bradesco

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Para o setor de private banking, o diretor global da área, Augusto Miranda, contou que o plano é aumentar o total sob gestão em torno de R$ 50 bilhões e atrair mais 400 famílias. “Hoje temos aproximadamente R$ 415 bilhões sob gestão e 10 mil famílias”, disse Miranda. O segmento reúne clientes com volume de investimentos a partir de R$ 5 milhões.

A meta de crescimento para 2023 vem depois de um ano ímpar em termos de crescimento, segundo Miranda. “2022 foi o melhor ano em termos de captação de recursos e também no crescimento no número de famílias”, disse Miranda. Em 2022, cerca de 300 famílias passaram a ser clientes do Bradesco Private Banking. Ele relatou que dois fatores apoiaram esse crescimento: a maturação dos acordos firmados com o JP Morgan e com o BNP Paribas e o “cross-selling” com o banco de atacado. “Existe uma sinergia muito grande entre o banco de atacado e o private banking”, disse Miranda.

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No caminho oposto ao da alta renda, o private banking tende a ter um aumento no tíquete inicial, segundo os executivos. “Estamos caminhando para aumentar o tíquete inicial de R$ 5 milhões para R$ 10 milhões”, disse Miranda, acrescentando que o novo montante fica alinhado ao padrão no exterior, que é em torno de US$ 2,5 milhões. Essa mudança será feita, segundo ele, por dois motivos: a capacidade de o Prime atender clientes com recursos até o novo patamar e também pela valorização do patrimônio das famílias já atendida.

Reação

A estrutura montada até agora - que conta também com 17 assessorias de investimento e 50 gestores de carteiras ligados à Ágora - foi construída nos últimos cinco anos em reação ao fortalecimento da indústria de investimentos no Brasil com o modelo da XP e do BTG. “Não tínhamos a estrutura de hoje em 2017, 2018. Fomos reagindo, estruturando, mudando a jornada do cliente no app (aplicativo do banco)”, disse Leal, acrescentando que a plataforma da Ágora oferece hoje mais de 600 opções de investimento de 150 instituições financeiras.

Nos últimos anos, o Bradesco reforçou sua estrutura na área com uma série de aquisições. Comprou o BAC Florida, agora Bradesco Bank, de olho na oferta de produtos para clientes endinheirados em solo americano. Com essa estrutura lá fora, Miranda e Leal dizem que o objetivo é responder por algo entre 10% e 15% do recurso investido pelo brasileiro no exterior. Também fez acordos para receber as carteiras do wealth do JPMorgan e do BNP Paribas, e estruturou uma parceria com o BV para criar uma nova gestora, independente da Bradesco Asset e focada em produtos estruturados.

Augusto Miranda, diretor global de private banking do Bradesco Foto: Egberto Nogueira

Neste ano, a ideia é consolidar essas frentes para fortalecer a posição do banco no segmento. Isso acontece em um momento em que os bancos tradicionais saem na frente, na visão dos executivos, por terem maior experiência e capacidade na geração de produtos de renda fixa, os queridinhos do brasileiro no atual contexto de Selic de dois dígitos.

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Em janeiro, na tradicional mudança de organograma que promove todos os anos, o Bradesco reuniu todas as áreas ligadas ao wealth em uma mesma diretoria, que é comandada por Leal. Antes, elas estavam distribuídas em diferentes frentes do banco, e havia uma demanda do mercado pela constituição de uma frente única.

Estratégico

Leal explicou que atrair e reter o cliente para a área de investimentos é estratégico para o banco e rentável. O segmento oferece um ROE (sigla em inglês para Retorno sobre Patrimônio Líquido) bastante alto por conta da baixa alocação de capital da instituição, segundo o diretor. “Atender o cliente na área de investimentos me permite trabalhar de uma forma melhor toda oferta que o banco pode fazer”, diz o diretor.

Essa oferta mais ampla de produtos de financiamentos até cartões de crédito só é possível, segundo Leal, pelo trabalho conjunto entre o gerente da conta bancária e o especialista em investimentos.

Outro ponto de contato é com o chamado Corporate, área de atacado do Bradesco que atende a grandes empresas. São duas as sinergias, segundo o diretor: na conquista de clientes, muitos deles executivos destas empresas, e também na originação de operações. O banco consegue usar a base de clientes para distribuir ativos, como títulos de dívida, de empresas de grande porte e com balanço sólido.

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