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Taxa de desemprego volta a recuar e fica em 6,4% no trimestre encerrado em setembro

Número é o segundo mais baixo da série histórica da Pnad Contínua, do IBGE, iniciada em 2012

Atualização:

RIO - A taxa de desemprego no País desceu de 6,9% no segundo trimestre para 6,4% no terceiro trimestre, o segundo melhor resultado em toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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A única taxa mais baixa que a atual foi a do quarto trimestre de 2013, 6,3%. A expectativa é de que o mercado de trabalho siga aquecido à frente, com o desemprego mantendo-se no nível mínimo histórico “por mais um bom tempo”, prevê o economista Igor Cadilhac, do banco PicPay.

“A leitura qualitativa do indicador é de que o mercado de trabalho segue forte e com uma composição saudável, recuperando suas características intrínsecas e agora com um desemprego estrutural mais baixo”, avaliou Cadilhac, em nota.

No terceiro trimestre, houve contingente recorde de trabalhadores ocupados tanto no setor privado quanto no setor público. Já são 103,029 milhões de brasileiros trabalhando, o que significa uma abertura de 1,199 milhão de novas vagas no mercado de trabalho em apenas um trimestre. Já a população desocupada diminuiu em 541 mil pessoas em um trimestre, para 7,001 milhões de desempregados, menor contingente desde janeiro de 2015. O nível da ocupação, que mostra o porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, subiu a 58,4% no terceiro trimestre, o maior para esse período do ano desde 2012.

Há um movimento de aumento da população ocupada disseminado entre as diferentes atividades econômicas, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. Segundo a pesquisadora, há uma “melhora sistemática dos indicadores” do mercado de trabalho, que guarda relação com a conjuntura econômica favorável, corroborada pelas divulgações recentes dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

“A gente sabe que parte significativa do rendimento é concentrada em consumo. Há crescimento via consumo das próprias atividades econômicas, que demandam mais trabalhadores”, disse Beringuy.

O terceiro trimestre mostrou ainda uma abertura de 582 mil vagas com carteira assinada no setor privado, para um ápice de 38,962 milhões de trabalhadores atuando nessas condições.

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População ocupada bateu o recorde da série histórica Foto: Darssaievisk Mateus Caldeira

Ao mesmo tempo, a informalidade alcançou um pico de 39,968 milhões de trabalhadores, 644 mil a mais em um trimestre.

“A gente tem observado recorde da população ocupada com carteira (assinada), mas isso não impediu a expansão da parcela informal da ocupação. A expansão (do emprego) é promovida pelo conjunto dos trabalhadores, independentemente da sua forma de inserção no mercado de trabalho, seja pela formalidade, seja pela informalidade. A expansão da ocupação não está concentrada numa atividade ou num grupo reduzido de atividades”, explicou Adriana Beringuy.

Alta no emprego eleva massa salarial

Com mais pessoas trabalhando, a massa de salários em circulação na economia aumentou para um recorde de R$ 327,743 bilhões no terceiro trimestre, alta de 0,8% em relação ao segundo trimestre, R$ 2,524 bilhões a mais.

No entanto, o rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma queda real de 0,4% na comparação com o trimestre até junho, R$ 13 a menos, para R$ 3.227.

“A gente pode falar que o rendimento chegou ao teto? Não podemos dizer isso. Por ora o registro é de um rendimento estável”, disse Adriana Beringuy.

A coordenadora do IBGE acredita que a expansão da ocupação via informalidade pode ter contribuído para uma queda na renda média obtida pelo trabalhador.

“Houve participação do crescimento da população informal, que, de modo geral, são trabalhadores que têm rendimentos menores. Isso pode ter contribuído que essa média do rendimento da população ocupada como um todo tenha tido essa retração”, justificou Beringuy.

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O impacto na renda

A renda nominal, ou seja, antes que seja descontada a inflação no período, cresceu 0,4% no trimestre terminado em setembro ante o trimestre encerrado em junho. O arrefecimento da renda foi o destaque da atual divulgação da Pnad Contínua, devendo ser observado de perto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre os rumos da taxa básica de juros no País, opinou o chefe de macroeconomia da gestora Kínitro Capital, João Savignon.

“O arrefecimento gradual do crescimento do rendimento do trabalhador é um dado importante para o Copom, que precisa observar algum sinal de que a política monetária está atuando sobre a atividade, já que a inflação de serviços no País preocupa”, avaliou Savignon.

Para Luis Otávio Leal, economista-chefe da gestora de recursos G5 Partners, o mercado de trabalho brasileiro tem apresentado um vigor “impressionante” desde o fim da pandemia de covid-19, movimento que pode se estender até o final deste ano, quando a taxa de desemprego desceria a 6,2%, projeta.

“É muito importante verificar se os salários retornarão, nos próximos meses e de forma sustentada, para a tendência de crescimento que prevaleceu antes da pandemia. De fato, seria um indicativo de que a economia brasileira consegue suportar um desemprego mais baixo sem gerar pressões salariais atípicas. Além disso, corroboraria também a hipótese de que a elevação relevante dos rendimentos desde o início de 2022 esteve predominantemente associada a um movimento de recomposição salarial real das perdas advindas da pandemia”, ponderou Leal, em nota.