Começou a vigorar nesta quarta-feira a decisão do governo argentino, anunciada no mês passado, de equiparar nos postos de fronteira o preço do óleo diesel ao cobrado na cidade mais próxima do país vizinho. Com isso, o litro do óleo diesel saltou, para os postos fronteiriços com o Brasil, do equivalente a R$ 1,26 para R$ 1,97. A mesma decisão se aplica à gasolina, que, no entanto, terá preço 20% inferior ao da cidade do país vizinho mais próxima, passando de R$ 1,45 para R$ 1,95 no caso do Brasil - mesmo assim, mais barata que nos postos nacionais. O aumento do preço da gasolina está previsto para entrar em vigor em 1º. de setembro. O secretário de Energia da Argentina, Daniel Cameron, afirmou que o aumento visa a preservar a "segurança nacional", já que a maioria dos clientes dos postos de fronteira são estrangeiros e a grande demanda de combustíveis nesses postos pode comprometer o abastecimento interno de combustíveis. Os postos de fronteira, de acordo com o governo argentino, vendem o equivalente a 2% do combustível comercializado em todo o país. A decisão afeta cidades fronteiriças do Uruguai, Bolívia, Brasil, Chile e Paraguai. Esses três últimos países são os maiores consumidores dos combustíveis da Argentina. A presidenta chilena Michelle Bachelet protestou formalmente junto ao governo da Argentina por essa decisão, afirmando que ela é "discriminatória" e compromete a integração regional. Alívio O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis) recebeu com "alívio" a decisão argentina porque os postos de Foz do Iguaçu deixaram de comercializar cerca de 2 milhões de litros por mês de gasolina desde março do ano passado. Enquanto em Foz o litro da gasolina é vendido a R$ 2,56, em Puerto Iguazú é comercializado a R$ 1,45. A perda da receita obrigou os postos de Foz a demitir cerca de 100 pessoas. Proposta do Sindicombustíveis, de redução da alíquota de impostos que incidem sobre os combustíveis nas regiões de fronteira, sequer foi respondida pelo governo. A disparidade dos preços fez com que os quatro postos de Puerto Iguazú passassem a vender mais que os 58 postos de gasolina de Foz e da vizinha Santa Terezinha de Itaipu. Desde julho do ano passado, quando houve forte aumento dos preços dos combustíveis no Brasil, os postos de Puerto Iguazú passaram a vender 4 milhões de litros de gasolina por mês. Antes, a média era de 1,2 milhões de litros. Noventa por cento dos clientes dos postos de Puerto Iguazú são brasileiros e paraguaios - estes últimos consomem principalmente óleo diesel. De olho nessa clientela, o sindicato de combustíveis da província de Missiones, que faz fronteira com o Brasil e o Paraguai, recorreu à Justiça para deixar sem vigor a decisão do governo.
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