BLOOMBERG - A recuperação recorde do ouro pode ter capturado as manchetes este ano, mas é a prata que está correndo mais e mais rápido, já que o metal menos glamouroso se beneficia da robusta demanda financeira e industrial.
A prata subiu quase 25% este ano, ultrapassando o ouro e tornando-se uma das principais commodities com melhor desempenho do ano. No entanto, em termos relativos, a prata ainda é barata. Atualmente, são necessárias cerca de 80 onças (2,27 kg) de prata para comprar 1 onça (28,3 g) de ouro, em comparação com a média de 68 onças (1,92 kg) em 20 anos.
Os dois metais se movem em grande parte em conjunto, pois ambos oferecem propriedades semelhantes de cobertura macroeconômica e cambial. Com o ouro atingindo um recorde de compra pelos bancos centrais, o interesse do varejo na China e um ressurgimento das apostas de que taxas de juros mais baixas nos EUA estão a caminho, a prata acompanhou o movimento. Embora tenha havido pouco interesse dos investidores em fundos negociados em Bolsa lastreados em prata, as vendas físicas aumentaram, inclusive no revendedor Silver Bullion Pte.
“Até mesmo os clientes que estão interessados em comprar ouro estão começando a dizer ‘bem, talvez eu compre prata primeiro e espere que a proporção se reequilibre’”, disse o fundador Gregor Gregersen. Entre 1º e 25 de abril, o ponto de venda vendeu 74 onças (2,1 kg) de prata física para cada onça de ouro, em comparação com uma média de 44 onças (1,25 kg) em 2023.
A prata à vista subiu 0,7% para US$ 29,77 a onça a partir das 12h56, horário de Londres, na sexta-feira, 17, caminhando para um ganho semanal de 5,6%. O próximo teste significativo seria um desafio de US$ 30, um nível que foi brevemente ultrapassado em 2021. Se o metal chegar a US$ 30,1003 a onça, isso elevaria os preços para o maior valor em mais de uma década. Os preços do ouro subiram 0,6%, para US$ 2.390,03.
Em termos relativos, o metal branco já está progredindo em relação ao seu primo mais caro. Em janeiro, a relação ouro-prata estava acima de 90, a mais alta desde setembro de 2022. O Citigroup Inc. avalia que, se o Federal Reserve prosseguir com os cortes nas taxas de juros e o crescimento econômico se mantiver forte no segundo semestre, a relação poderá se mover para cerca de 70, embora tenha advertido que uma desaceleração a levaria para o outro lado, de acordo com uma nota.
A prata tem um caráter duplo, valorizada tanto por seu uso como ativo financeiro quanto como insumo industrial, incluindo tecnologias de energia limpa. O metal é um ingrediente fundamental nos painéis solares e, com o crescimento robusto desse setor, espera-se que o uso do metal atinja um recorde este ano, segundo o Silver Institute. Nesse cenário, o mercado está caminhando para um quarto ano de déficit, sendo que a escassez deste ano é vista como a segunda maior já registrada.
Isso levou os usuários industriais — que normalmente dependem das mineradoras para o fornecimento — a buscarem onças drenando os principais estoques do mundo, de acordo com Gregersen, da Silver Bullion. Os estoques monitorados pela London Bullion Market Association caíram para o segundo nível mais baixo já registrado em abril, enquanto os volumes nas bolsas de Nova York e Xangai estão próximos dos mínimos sazonais.
Nos próximos dois anos, os estoques da LBMA podem se esgotar, dado o ritmo atual da demanda, segundo a TD Securities. O número principal exagera o volume disponível de metal, uma vez que inclui as participações em fundos negociados em Bolsa, disse Daniel Ghali, estrategista de commodities, em uma nota de abril.
“Aos poucos, veremos o aperto dos suprimentos porque a demanda industrial deve aumentar”, disse Gregersen. “Se os investidores também estiverem começando a comprar, acho que daqui a dois ou três meses, meu maior problema pode acabar sendo ‘Onde encontro suprimento?’ em vez de ‘Como vendo a prata?’”
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