Dos feirantes aos grandes produtores de café, existem processos em graus muito distintos de maturação quando o tema é a boa prática ESG. Por mais que existam metodologias bem azeitadas para medir os avanços de corporações e dos setores que geram impactos positivos nas áreas ambiental, social e de governança, ainda é preciso dar um passo atrás, avisa Alda Marina de Campos Melo, sócia-fundadora e CEO da Pares Estratégia & Desenvolvimento.
“Para mim, ainda hoje, o principal é a gente fazer uma mudança cultural. Olharmos para quem está tomando a decisão e fazer com que eles enxerguem que estão diante de uma grande oportunidade, de um grande convite, para ressignificar valores”, afirma Alda Marina, executiva que há aproximadamente 15 anos se enveredou para o caminho do aprimoramento de gestões empresariais.
O que a experiência da executiva mostra é que o momento de liderar agendas ditas modernas, a partir de assuntos que não surgiriam em uma ótica de competitividade na base do vale-tudo, está na mesa de todos. “Estamos diante de uma oportunidade também de inovar, de repactuar acordos”, diz. Por isso, ela defende que o foco no aprimoramento de um cultura ESG nas empresas, em lideranças nos mais variados níveis e também em governança são as bases de um tripé que vai fazer a diferença no dia a dia das corporações. “A questão é olhar para tudo isso como um valor em vez de ser um risco.”
Abrangência
Assim como defende Alda Marina, Alessandra Umbelino, cofundadora da BMV Global, também afirma que a introdução das práticas ESG no dia a dia dos negócios é para todos, sejam os pequenos, médios ou grandes. “O nosso trabalho vem sendo feito exatamente para engajar o tema da sustentabilidade também em empresas que ainda nem têm essa área estruturada e não sabem por onde começar, mas mesmo assim estão recebendo pressão de vários atores, até mesmo dos consumidores”, explica a empreendedora.
No caso da BMV Global, a ideia é apresentar uma solução que integra, em uma ponta, quem preserva a biodiversidade e, de outro, as empresas que também estão preocupadas, por exemplo, em manter a floresta em pé. “Nossa solução é baseada na ciência e na tecnologia”, diz Alessandra.
Na prática, o time da startup, criada há 15 anos, montou uma commodity, Unidades de Créditos de Sustentabilidade (UCS), comercializadas no universo da B3, a Bolsa de Valores brasileira. “É uma forma, rastreável inclusive, de empacotarmos os serviços ecossistêmicos intangíveis de uma floresta e entregarmos para a sociedade”, diz Alessandra.
O objetivo principal da ideia, que já ajuda alguns produtores e regiões sensíveis do Brasil, como o Xingu, é atingir todo o planeta. “Queremos estar em todos os produtos e serviços transacionados no mundo para que eles carreguem uma espécie de coeficiente de preservação”, afirma Alessandra.
Essa nova abordagem, segundo a equipe da BMV Global, permite atrelar a questão econômica ao tema ESG e ajudar as empresas a avançarem nessa área sem nenhum tipo de custo extra. “É uma nova abordagem”, indica Alessandra.
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